Interpretação ambiental das razões de isótopos estáveis em um testemunho de firn do de gelo da Antártica

• Ano de defesa: 2019
• Autor(a) principal: Tavares, Flavia Alves
• Orientador(a): Simões, Jefferson Cardia
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Palavras-chave em Português: Glaciologia; Glacioquímica; Testemunhos de firn; Isótopos estáveis; Antártica
• Palavras-chave em Inglês: Antarctica,; Snow and firn core; Stable isotopes
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/223031

O testemunho de neve/firnIC-02 (88°01'21,3"S, 82°04'21,7"W), com 42,92 mde comprimento, foi recuperado a uma altitude de 2.621 m no platô do manto de gelo da Antártica Oriental, a 220km do Polo Sul geográfico. Esta dissertação tem por objetivo determinar a variabilidade sazonal e anual das razões de isótopos de oxigênio e hidrogênio deste testemunho de neve e firn,além de interpretar essas variações em termos de mudanças climáticas no sítio de coleta e comparar os resultados com medidas similares em outras partes do continente. O testemunho IC-02 foi descontaminado e subamostrado em um sistema de fusão contínua desenvolvido pela equipe do Climate Change Institute(University of Maine–Maine/EUA) e as razões de isótopos estáveis (18O e D) foram determinadas por um espectrômetro a laser de cavidade ressonante do tipo ring-down (WS-CRDSPICARRO L2130i) no Laboratório de Glacioquímica do Centro Polar e Climático (CPC) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Brasil). A série isotópica compreende 1696amostras(21,74 m eq. H2O), comvalores mínimo e máximo de 18Ode-50,77‰ e-41,40‰, respectivamente, com média de -46,39 ± 1,37‰. OD médio é de -367,43 ± 12,51‰ e varia entre -408,18‰ e -323,85‰. O excesso de deutério possui valor médio de 4,36±2,66‰. As análises glacioquímicas confirmaram a relação linear entre as razões isotópicas (D e 18O) de acordo com a linha de Craig (1961) para água meteórica. A interpretação da coluna estratigráfica correspondente a 1091 amostras (aproximadamente 14,35 m eq. H2O) corresponde a 85±3 anos de acumulação de neve, corroborada pela variação do conteúdo iônico de sódio (Na+) e sulfato de origem não marinha (nnSO4-2, ou seja, no-sea salt sulphates) obtidos por cromatografia iônica. A média da acumulação líquida anual no IC-02, entre 1918 e 2003,éde152 ± 64 mm ano-1em equivalente d'água, o valor máximo de 292 mm ano-1 ocorreu em 1960 e mínimo de 27 mm ano-1em 1969. Durante os últimos 30 anos (1974–2003), a acumulação líquida no sítio da perfuração aumentou em17% quando comparada com os 30 anos anteriores a esse período (1944–1973), com a média de valores aumentando de 136,3 ± 58,4 mm eq H2O para 164,7 ± 64,5 mm eq H2O. A densidade média do testemunho é de 0,66 g cm-3(ou seja, basicamente firn). A temperatura obtida no furo do testemunho, numa profundidade de 10 m, foi de -45°C± 0,5°C. A diminuição da média anual de D correlacionadaao aumento da taxa de acumulação, que ocorre no inverno, confirma a influência da temperatura sobre o fracionamento isotópico, assim como, os fatores geográficos, tais como altitude e continentalidade.