Infraestrutura cicloviária como via de acesso a parques urbanos : análise da acessibilidade e das desigualdades socioespaciais em cidades brasileiras

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Cabral, Henrique de Mello
Orientador(a): Vargas, Júlio Celso Borello
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/289945
Resumo: A mobilidade por bicicleta tem grande potencial de transformar as cidades, visto que contribui com a redução das emissões de poluentes no setor de transporte, beneficia a saúde da população e promove maior qualidade ao espaço urbano. Para que ela se consolide e ganhe escala no cotidiano das cidades brasileiras, é fundamental a existência de infraestrutura dedicada, que propicia viagens mais rápidas, seguras e confortáveis. Além disso, a infraestrutura deve proporcionar o acesso a diferentes espaços e equipamentos urbanos, dentre eles os parques, que – assim como a bicicleta – contribuem para a qualidade urbana. O Brasil tem observado uma expansão significativa da infraestrutura cicloviária nos últimos anos, mas ela costuma ser construída de forma fragmentada e não integrada ao planejamento urbano, geralmente priorizando regiões de maior poder aquisitivo, de forma que não contribui para o acesso às oportunidades urbanas, ou o faz de forma desigual. Esta pesquisa buscou compreender se, e em que grau, a infraestrutura cicloviária nas cidades brasileiras proporciona o acesso por bicicleta a parques urbanos, e avaliar as desigualdades nesse acesso entre diferentes estratos de renda. A análise quantitativa espacial foi dividida em quatro etapas e utilizou dados abertos colaborativos ou oficiais (OpenStreetMap, IBGE e IPEA), que foram processados através de scripts em linguagem Python. As duas primeiras etapas abrangeram 20 das maiores cidades do Brasil e avaliaram a distribuição da rede cicloviária e dos parques no espaço através de medidas geométricas e topológicas para a rede cicloviária e de estatística espacial para os parques urbanos. As seis cidades com melhores resultados nas medidas da rede cicloviária (Belém, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Recife e São Paulo) foram então selecionadas para as etapas seguintes, que consistiram em calcular a acessibilidade a parques urbanos considerando rotas que priorizem a rede cicloviária e avaliar as desigualdades socioespaciais. Os resultados mostram que a rede cicloviária apresenta atributos espaciais bastante distintos nas cidades analisadas, como no caso de Fortaleza, que apresenta alta abrangência e conectividade, e de São Luiz, que possui rede pequena e fragmentada. Os parques também apresentam comportamento variado, tendo distribuição altamente concentrada em áreas centrais em casos como Belém, e dispersa em outros, como em Curitiba. Em relação à acessibilidade, uma pequena parcela da população consegue acessar parques ao considerar rotas que possuem um percentual maior ou igual a 60% de infraestrutura cicloviária, especialmente para rotas de menor extensão (até 3 km). Ao desagregar os resultados por decis de renda, observou-se grande desigualdade no acesso entre os mais ricos e mais pobres, de forma que as classes mais altas possuem mais acesso. Conclui-se, portanto, que apesar do aumento da implantação de infraestrutura cicloviária no Brasil, ela não proporciona acesso aos parques urbanos de forma significativa, mesmo em cidades que possuem rede melhor distribuída no espaço. Ainda, conclui-se que nos casos em que a acessibilidade existe, ela é desigual, favorecendo as localizações residenciais de maior renda. Espera-se que o trabalho contribua para que o planejamento das cidades brasileiras promova redes cicloviárias mais robustas e que conectem as pessoas aos parques urbanos, assim como promover a reflexão sobre como a provisão dessas infraestruturas é desigual no espaço, prejudicando as classes menos favorecidas.