Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2004 |
Autor(a) principal: |
Colombo, Patrick |
Orientador(a): |
Krause, Lígia |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/10955
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Resumo: |
Nas últimas décadas vários trabalhos têm apontado declínios drásticos de diversas populações de anuros no mundo. No Brasil, é provável que muitas espécies da Mata Atlântica tenham desaparecido. A falta de dados sobre diversidade, riqueza, distribuição geográfica e ecologia de anfíbios, no Rio Grande do Sul, é um limitante para o planejamento e tomada de decisões sobre estratégias de conservação destes animais. A realização de inventários é prioritária na pesquisa com anuros no Rio Grande do Sul. Amostragens por quadrados têm sido utilizadas para determinar a densidade, diversidade, abundância relativa e monitorar a anurofauna de serapilheira em florestas tropicais. Nenhum trabalho descreveu as características da anurofauna da serapilheira da floresta atlântica paludosa utilizando estes métodos de amostragem no Estado. O Parque Estadual de Itapeva (PEVA) localiza-se numa estreita faixa entre a RS-389 (Estrada do Mar) e a praia de Itapeva, nas imediações da cidade de Torres, extremo norte da planície costeira do Estado (29°21’ S, 49°45’ W). No Parque podemos observar a presença de dunas móveis, dunas fixas, floresta paludosa (cerca de 114 ha), campos alagados, campos secos, turfeiras, mata da restinga, banhados, arroio e vassourais. Os objetivos deste trabalho são: listar as espécies de anuros do PEVA, destacando espécies raras, ameaçadas ou com distribuição restrita, informar os ambientes em que foram encontradas, identificar os possíveis impactos a estes anfíbios no Parque, descrever a riqueza, densidade e biomassa da anurofauna da serapilheira do fragmento de floresta paludosa, e verificar se existem diferenças destes parâmetros em diferentes distâncias da borda ao interior deste fragmento. O levantamento de anuros ocorreu de maio de 2000 até março de 2003, com freqüência mensal (duração de duas noites em média) de maio de 2000 a março de 2001 e após este período, sem freqüência regular.A amostragem envolveu visitas periódicas a todos os ambientes com ocorrência potencial de anuros, áreas alagadas, açudes, poças temporárias, arroios, córregos e outros corpos d’água. Durante o dia procuravam-se os animais embaixo de troncos, pedras, telhas e próximo a residências (84 horas de amostragem). As coletas noturnas duraram das 20h até 23h (57 horas de amostragem). Foram amostrados oito ambientes: Dunas Primárias (DP), Baixada Atrás das Dunas Primárias (BD), Dunas Móveis (DM), Dunas Fixas (DF), Campos Alagados (CA), Capoeira (CP), Mata Paludosa (MP) e Campo Seco (CS). As análises de riqueza, densidade e biomassa da serapilheira da mata paludosa concentraram-se no mês de março de 2003. Foram utilizados 56 quadrados de 25 m2 em duas grades de pontos (6.000 m2 e 10.000 m2). Em cada grade, os pontos foram distribuídos desde a beira do fragmento até 100 m em direção ao interior da mata, e a distância entre cada ponto era de 20 m. Em cada um destes erguia-se uma tela com 50 cm de altura, formando um quadrado de 5 m x 5 m. Cada quadrado foi amostrado entre 30 e 45 minutos, por três pessoas, das 19h até as24h. Para avaliar as diferenças entre a densidade e a biomassa de anuros, nas distâncias desde a borda/beira, utilizou-se ANOVA através de testes de aleatorização entre os pontos. Foram registradas 29 espécies de anuros, em oito famílias: Cycloramphidae (1 sp), Microhylidae (1sp), Ranidae (1 sp), Brachycephalidae (2 spp), Leptodactylidae (3 spp), Bufonidae (4 spp), Leiuperidae (6 spp) e Hylidae (11 spp). Três estão ameaçadas de extinção no Rio Grande do Sul, Sphaenorhynchus surdus, Eleutherodactylus binotatus e Melanophryniscus dorsalis. Na CA, BD e CS, encontrou-se o maior número de espécies, 19 spp, 20 spp, e 21 spp respectivamente. Os principais fatores de ameaça à anurofauna são: drenagem da mata, pecuária, fragmentação da floresta, presença de espécies exóticas, destruição de áreas alagadas e descaracterização dos habitats. Na serapilheira foram capturados 218 indivíduos de 11 espécies de três famílias distintas. As espécies mais abundantes foram Eleutherodactylus henseli, (110 indivíduos) e Leptodactylus ocellatus (79 indivíduos). A densidade total de anuros foi de, aproximadamente, 15 indivíduos por 100 m2. A biomassa total foi de 1.452 g. Somente em um dos quadrados (1,8%) nenhum indivíduo foi capturado. Os quadrados na distância zero tiveram os menores valores de densidade média de anuros. Apesar de não ter sido encontrada significância estatística entre as distâncias (P>0,05), E. henseli foi a espécie que teve a menor densidade média na distância zero, enquanto as outras espécies distribuíram-se quase que continuamente. A implementação de estratégias para a conservação da anurofauna desta região da planície costeira deve contar com a efetivação de políticas ambientais eficientes. A proteção do entorno das Unidades, pode ter um efeito muito mais eficaz para a conservação dos anuros do que a própria criação de novas Unidades de Conservação. |