O Sistema Asclepias curassavica L., Epidendrum fulgens Brongn. e Lantana camara L. constitui um complexo mimético, com borboletas como operadores? um estudo no Parque Estadual de Itapeva, Torres, RS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Fuhro, Daniela
Orientador(a): Irgang, Bruno Edgar
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/8340
Resumo: O mimetismo é uma adaptação onde duas ou mais espécies, que podem pertencer a grupos taxonômicos distintos, assemelham-se no padrão geral de cor e/ou forma e que devido a isso são confundidas por um outro organismo. Os tipos clássicos de mimetismo, Batesiano e Mülleriano, nem sempre se ajustam a estudos com flores; esta limitação, todavia, não afeta o chamado Sistema Tripartido. O Sistema Tripartido foi proposto originalmente por Wolfgang Wickler (1968) e aperfeiçoado por Richard I. Vane Right (1976); o sistema é formado por três elementos constantes: modelo (S1), o mímico (S2) e operador (O – o qual Wickler originalmente representou como R – receptor de sinal). O presente estudo concentra-se em três plantas que coexistem na restinga do Parque Estadual de Itapeva, Torres, as quais mostram um padrão convergente na coloração de suas flores. As espécies são Asclepias curassavica (Apocynaceae [Asclepiadoideae]), Lantana camara (Verbenaceae), ambas produtoras de néctar, e Epidendrum fulgens (Orchidaceae [Epidendroideae]), aparentemente não produtora de néctar e considerado o suposto mímico do sistema. O trabalho de campo foi realizado entre a primavera de 2004 e verão de 2006. Para tanto, foram avaliados aspectos concernentes ao número e identificação dos polinizadores potenciais (especialmente borboletas – excepcionalmente, uma ou duas espécies de mariposas foram encontradas, porém mostrando baixa contribuição); às fenofases de floração e frutificação das três espécies. Também foram realizados experimentos de cruzamento em E. fulgens (autopolinização espontânea e induzida, geitonogamia, xenogamia); remoção de polinários de E. fulgens em relação à distância da fonte de néctar (L. camara), bem como uma descrição da anatomia do nectário de E. fulgens para verificar a existência de tecido produtor de néctar. Dentre as 28 espécies de lepidópteros diurnos que foram registradas, destacam-se Agraulis vanillae maculosa, Dryas iulia alcionea, Heliconius erato phyllis, Tegosa claudina (Nymphalidae) e Urbanus simplicius (Hesperiidae), as quais visitam as três espécies de plantas. Não houve sincronia de floração entre as fenofases, ou seja, não houve diferença estatística entre A. curassavica, Epidendrum fulgens e Lantana camara. Os experimentos de cruzamento mostraram que E. fulgens é polinizador-dependente. A remoção de polinários de E. fulgens foi baixa, talvez porque a oferta de flores seja alta. Os testes sobre a anatomia do nectário de E. fulgens sugerem que não há produção de néctar (Anexo 2). Estes resultados sugerem que A. curassavica, Epidendrum fulgens e Lantana camara, no cenário ecológico do Parque Estadual de Itapeva, não constituem um complexo mimético. Porém, isto não invalida a possibilidade de que estas plantas realmente constituam um sistema mimético, considerando-se que o presente estudo foi realizado dentro de um curto espaço de tempo, enquanto que estudos a respeito de processos evolutivos requerem maior tempo de observações.