Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
Castilhos, Rodrigo Bisognin |
Orientador(a): |
Rossi, Carlos Alberto Vargas |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/115544
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Resumo: |
O espaço incorpora fisicamente o conjunto das relações sociais estabelecidas em um dado tempo. Na cidade contemporânea, a produção do espaço urbano se mostra cada vez mais submetida à lógica de mercado, originando lugares-marcados – de moradia, lazer e trabalho – tomados como espaços públicos e/ou coletivos, cercados física e simbolicamente por narrativas de marca e propostas de valor características dos processos de marketing. Inseridos na experiência cotidiana espacialmente localizada, tais lugares se constituem importantes recursos de mercado em torno dos quais projetos de identidade sócio-historicamente circunscritos se desenvolvem. O objetivo desta tese é compreender como lugares-marcados são cotidianamente produzidos, refletindo e reproduzindo distinções entre grupos sociais. Para tanto, eu analiso a constituição territorial do Jardim Europa, em Porto Alegre. Autoproclamado o “primeiro bairro planejado” da cidade, o Jardim Europa consiste em um complexo de condomínios de alto padrão, que combina espaços privados (condomínios-clube com infraestrutura de lazer e segurança) e públicos (parque e infraestrutura urbana adjacente aos condomínios) em torno de uma narrativa de marca distintiva, tendo como alvo os consumidores de classe média e média-alta. Seguindo a orientação teórico-metodológica da Praxiologia Social de Bourdieu, eu conduzo um estudo qualitativo dividido em duas etapas: primeiramente, por meio da análise documental e de entrevistas, constituo o Jardim Europa como um campo no sentido bourdiano; em segundo lugar, a partir de documentos, entrevistas e observação, analiso a dinâmica deste campo. Situado na fronteira urbana entre áreas valorizadas e populares da cidade, a narrativa de marca do Jardim Europa se sustenta por meio da simultânea associação-diferenciação e negação-isolamento do entorno respectivamente afluente e pobre. A análise das propriedades dos agentes dá conta de interesses convergentes entre a construtora responsável pelo empreendimeno, o poder público e os moradores dos condomínios. A análise das dinâmicas do campo, por sua vez, dá conta de como esses agentes hegemônicos, em aliança, perseguem seus interesses e disposições, os quais ao se materializar no bairro, pouco a pouco contribuem para a territorialização das classes média e média-alta e para a desterritorialização das classes populares. Essa análise processual das dinâmicas de mercado no campo de moradia permitiu descortinar como, no contexto do capitalismo financeiro contemporâneo, alguns recursos distintivos de mercado são coproduzidos de forma intrinsecamente violenta e necessariamente excludente, contribuindo para os debates teóricos na intersecção entre os estudos sobre “projetos de identidade” e “padronização sócio-histórica do consumo”, para os estudos sobre espaço e lugar na Consumer Culture Theory, bem como para a discussão interdisciplinar sobre a produção do espaço urbano na cidade contemporânea. |