Distinguindo entre colocações e locuções : um olhar metalexicográfico para dicionários escolares destinados ao ensino médio

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Carra, Sara Augusto
Orientador(a): Abreu, Sabrina Pereira de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/211491
Resumo: Este trabalho analisa como dois dicionários escolares, o Dicionário Unesp do português contemporâneo (D1), de Francisco S. Borba, e o Dicionário Houaiss Conciso (D2), organizado por Antônio Houaiss, ambos aprovados pelo Ministério da Educação (MEC) em 2012 para uso no Ensino Médio tratam as unidades lexicais identificadas como locuções nominais. O problema de pesquisa centra-se no fato de que a distinção entre locuções e colocações não costuma ser suficientemente clara para alguns lexicógrafos. Geralmente, eles não distinguem entre colocações e locuções, e acabam tratando ambos os tipos como se locuções fossem. O ponto de vista teórico adotado nesta dissertação insere-se nos estudos da Teoria Sentido-Texto (TST), que, conforme Polguère (2018), define lexicologia como disciplina que estuda as propriedades das lexias, lexicografia como disciplina que objetiva elaborar modelos léxicos, e metalexicografia como estudo teórico dos dicionários. Também o entendimento do que são e do que abrangem as unidades fraseológicas (UFs) conhecidas como locuções e colocações segue a perspectiva da Lexicografia Explicativa e Combinatória (LEC), integrante da TST, que define tais unidades como frasemas não composicionais e lexicais (as locuções) e frasemas composicionais e lexicais (as colocações). O corpus da pesquisa contém 2437 unidades fraseológicas, sendo 1764 do D1 e 673 do D2. A análise foi realizada em três etapas: (a) separação entre locuções e colocações; (b) separação entre colocações standards e colocações não standards; e (c) identificação das funções lexicais de cada colocação standard. Em relação ao D1, os resultados mostram que, das 1764 unidades examinadas, 1557 são locuções e 207 são colocações. Ao examinarmos as funções lexicais aplicadas às colocações standards, localizamos duas funções lexicais paradigmáticas simples (Cap e Epit), seis funções lexicais sintagmáticas simples (Centr, Epit, Magn, Bon, Locin e Instr) e seis funções lexicais complexas, duas formadas por uma função lexical paradigmática e uma função lexical sintagmática (Anti + Magn; Anti + Bon) e quatro formadas por duas funções lexicais sintagmáticas (Magn + Plus; Magn + Bon; Incep + Locin; Incep+ Loctemp in). No que diz respeito ao D2, das 673 unidades, 572 são locuções e 101 são colocações. Foram encontradas – aplicadas às colocações standards – 4 funções lexicais paradigmáticas simples (A, Adv, Mult e Equip), 5 funções lexicais sintagmáticas simples (Magn, Bon, Locin, LoctempineInstr) e 5 funções lexicais complexas, duas formadas por uma função lexical paradigmática e uma função lexical sintagmática (Anti + Magn; Anti + Bon) e três formadas por duas funções lexicais sintagmáticas (Magn + Plus; Magn + Minus; Fin + Loctemp in). A partir desta analise, foi possível constatar que de fato os dicionários confundem os conceitos de locução e de colocação. Os resultados podem servir de alerta para se pensar os critérios utilizados pelos lexicógrafos para o registro de locuções nos dicionários escolares.