Argentina para brasileiras, Brasil para argentinas : o projeto político-literário de Juana Manso

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Souza, Adriele Albuquerque de
Orientador(a): Lucena, Karina de Castilhos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/225945
Resumo: Este trabalho estuda o projeto político e a produção literária da argentina Juana Paula Manso de Noronha (1819-1875), desenvolvidos parte no Brasil, entre 1852 e 1854, durante o exílio imposto pelo governo de Juan Manuel de Rosas (1793-1877), e parte na Argentina, com seu regresso ao país natal, em 1854. A pesquisa se justifica pela necessidade em reescrever a história literária, resgatando vozes apagadas ao longo do tempo, pese a importância da produção das romancistas do século XIX para a formação da literatura latino-americana. Nosso objetivo central é refletir sobre o projeto político e a produção literária de Juana Manso, analisando, em contraste, os romances Misterios del Plata – publicado em português n’O Jornal das Senhoras, durante o primeiro semestre de 1852, na Corte do Rio de Janeiro – e La familia del Comendador – publicado em espanhol no Álbum de Señoritas, em oito edições, em 1854, em Buenos Aires. Na primeira parte do trabalho, traçamos um panorama da socialização e da atividade literária de Juana Manso no Rio de Janeiro, tendo como ponto de apoio o estudo de Adriana Amante em Poéticas y políticas del destierro: Argentinos en Brasil en la época de Rosas (2010). Na segunda parte, debatemos os romances de Manso, que são estruturados pela chave do amor, buscando estabelecer uma conciliação entre grupos opostos da sociedade – campo/cidade na Argentina, negros/brancos no Brasil. Essa análise se inspira na que foi elaborada por Doris Sommer em Ficciones fundacionales: las novelas nacionales de América Latina (2004 [1991]), buscando, inclusive, complementar o seu estudo com a obra de uma autora do século XIX, que também uniu paixão e política em literatura. Conclui-se que Juana Manso constitui uma rede de socialização no Rio de Janeiro e que teve como principal produto de seu exílio a elaboração dos romances mencionados e de O Jornal das Senhoras. Constata-se também que a autora construiu pares de personagens tipicamente românticos como estratégia narrativa para polarizar com personagens que simbolizam projetos com os quais não concordava na realidade – federalismo na Argentina, escravismo no Brasil – e que os projetos de conciliação idealizados por Manso, nos romances, concentram-se nas figuras do gaucho Miguel e do escravizado Mauricio.