Vida eterna para os casamentos : a pedagogia evangelizadora da escola do amor da Igreja Universal do Reino de Deus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Bueno, Paulo Fernando Zanardini
Orientador(a): Santos, Luís Henrique Sacchi dos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/157603
Resumo: Esta dissertação, de abordagem qualitativa, e situada no campo dos Estudos Culturais em Educação, analisou nas falas dos apresentadores de um artefato cultural da televisão, o programa The Love School, os temas mais discutidos por eles. Como primeira técnica da metodologia utilizada, esse recurso gerou a fonte de material empírico registrado no que nominei de caderno de transcrições. Para realizar esta investigação selecionei 24 (vinte e quatro) edições do programa entre o período de novembro de 2014 a abril de 2015. O casamento é o principal tema que orienta a pauta deste programa e faz uma aliança direta com os princípios que fundamentam a Igreja Universal do Reino de Deus. Quanto ao programa The Love School foi possível entender que a Universal desenvolveu uma nova forma de falar de religião fazendo uso de outras linguagens como a linguagem própria da televisão, pois esse novo produto da grade de programação da Record TV, pode ter dado início a uma nova sequencia de programas televangelizadores, que, nas versões mais tradicionais e mais religiosas, parecem monótonos e desinteressantes pelo uso da linguagem comum aos púlpitos das catedrais e pelos horários de exibição cansativos das madrugadas. A categoria da pedagogia cultural, como um conceito caro para o campo da educação, nesse artefato cultural, pode ser percebida com uma outra dinâmica que não apenas a de ensinar modos de ser e de viver, pois demostrou que, conjuntamente a isso, pode também apontar o contraexemplo de outras pedagogias culturais em outros artefatos culturais, dessa vez os do entretenimento comercial. Compreendi essa atuação do conceito nesse objeto pela introdução da cultura religiosa com origem na Igreja criticando a cultura profana de outros produtos da mídia. Essa mesma discursividade molda um modelo de casal que prioriza o casamento acima de qualquer problema, devendo superar o menor dos desafios para impedir uma separação, e que se inspira no homem e na mulher presentes no texto bíblico, no Antigo Testamento, inspiração que é vista no contexto da análise aqui empregada como um retrocesso para a vida real das mulheres. A ideia de retrocesso ou de backlash (Faludi, 2001) parece ser um elemento que adere facilmente à cultura religiosa da Universal, aliando-se à pedagogia cultural ensinada pelo The Love School. O backlash tem como característica operar como uma política cultural em forma de ciclos. Ciclicamente, a cultura parece nos fazer viver muitos momentos de intenso retrocesso (backlash), tanto por meio de determinados produtos da mídia quanto pelas reações de determinados grupos políticos nos impondo seus interesses. Consequentemente, pelas análises que aqui empreendi e por essas características assumidas pela IURD, penso que vivemos no Brasil contemporâneo um ciclo religioso de backlash (retrocesso) para as coisas da vida e para as relações amorosas, para dizer o mínimo.