A prática tradutória em contexto de ensino (re) vista pela ótica enunciativa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Nunes, Paula Ávila
Orientador(a): Flores, Valdir do Nascimento
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/55982
Resumo: Este trabalho tem por objetivo a abordagem da produção tradutória em contexto de ensino e de formação de tradutores por meio da teoria enunciativa atribuída a Émile Benveniste. Tal abordagem apoia-se na interpretação de alguns dos textos dos Problemas de Linguística Geral I (1995) e II (1989), que formam o conjunto de textos considerados basilares para o entendimento da teoria da Enunciação benvenistiana. Dado que tal escopo teórico destina-se à análise da subjetividade na linguagem, a tese toma como objeto de estudo o erro em contexto tradutório cometido por aprendizes em aulas de uma disciplina de tradução. Tal objeto é eleito por sua relação com a hipótese em que se baseia este trabalho, a saber: se a tradução, por ser um ato linguístico, é fundada pela subjetividade, o erro de tradução é o lugar em que tal subjetividade se torna mais facilmente observável. Isso porque o erro condensa em si os dois movimentos essenciais para a prática tradutória: a leitura de uma escrita (leitura do original) e a escrita de uma leitura (escrita da tradução). Tendo isso em vista, o trabalho analisa propostas de tradução, realizadas por alunas do curso de Bacharelado em Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, por meio da coleta dos rascunhos que geraram as traduções finais. Tais textos são também apresentados juntamente com as transcrições em áudio das aulas em que estiveram em pauta para discussão, no intuito de preservar, tanto quanto possível, os aspectos implicados no processo de tradução. Ambas as modalidades de dados são analisadas com base na metodologia enunciativa de análise de fatos de linguagem. As análises permitem comprovar a hipótese de que o erro de tradução carrega vestígios do processo de leitura e de escrita que esteiam o processo tradutório. Além disso, o resultado das análises induz à conclusão de que, no contexto específico de sala de aula, o erro se torna o pivô do ensino, adquirindo um estatuto positivo, uma vez que é a partir dele que o professor busca aperfeiçoar as habilidades que compõem a competência tradutória de seus alunos. Isso se dá, contudo, apenas quando o professor toma consciência do erro como aspecto indicial do processo tradutório e passa a promover eventos de letramento em suas aulas, assim considerados em virtude da centralidade do texto e da necessidade de discussão acerca dele. Por fim, chega-se ao entendimento de que o erro de tradução tem um valor singular nesse contexto, tendo implicações, inclusive, na própria metodologia de ensino.