Taxa de resultados falsos negativos de citopatológicos cervicais e fatores associados entre mulheres com câncer de colo uterino : um estudo com base em dois hospitais de referência de Porto Alegre

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Nunes Filho, Paulo Ricardo Santos
Orientador(a): Ziegelmann, Patricia Klarmann
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/198985
Resumo: INTRODUÇÃO: O câncer de colo uterino é um importante problema de saúde pública no mundo. No Brasil, é a terceira neoplasia mais frequente nas mulheres. Sabe-se que o rastreamento através do teste de Papanicolaou é eficaz no controle da doença, reduzindo em mais de 90% a incidência e a mortalidade, e recomentando pelo Ministério da Saúde. Atualmente, a cobertura populacional do exame é superior à 80%, conforme recomendação internacional. Mesmo assim, a incidência da doença está estável e programas nacionais de controle de qualidade do rastreamento não estão implementados. MÉTODOS: Coorte retrospectiva que avaliou amostra consecutivas de mulheres diagnosticadas e tratadas com câncer de colo uterino nos hospitais São Lucas da PUCRS e Fêmina no período entre Janeiro de 2012 até Agosto de 2017. A pesquisa teve por objetivo estimar a taxa de exames falso-negativos, identificar fatores associados com esse resultado e comparar a sobrevida das pacientes em relação ao resultado do exame de Papanicolaou. Variáveis clínico-patológicas foram coletadas através de análise de prontuários médicos e informações sobre o resultado do rastreamento com o exame de Papanicolaou obtidas através de bases de dados do Ministério da Saúde. Para análise dos dados, foi utilizado o método de Clopper-Pearson para estimar o intervalo de confiança de falso-negativos. Regressão de Poisson com estimação robusta foi usada para estimar o risco relativo de possíveis preditores. O método de Kaplan-Meier e o teste de logrank foram utilizados para estimar e comparar a sobrevida. RESULTADOS: Foram identificadas 319 mulheres em ambos os hospitais, porém 270 não tinham resultado de Papanicolaou disponível. A média de idade foi 48,34 anos, 52,7% foram atendidas no Hospital Fêmina, 86,3% eram sintomáticas ao diagnóstico, 39,5% utilizavam métodos contraceptivos hormonais, 58.9% tinham 3 ou mais filhos e 62,7% nunca foram fumantes. Apenas 16 (6,8%) e 4 (3%) pacientes eram portadoras de infecção por HIV ou HPV, respectivamente. 82,3% residiam na cidade de Porto Alegre ou região metropolitana. Em relação às características patológicas, a maioria dos pacientes apresentou histologia escamosa (83,7%), 82,3% foram diagnosticados com câncer de colo uterino em estádio II-IV e, portanto, quimiorradioterapia foi o tratamento mais realizado (79,2%). A taxa de testes falso-negativos de Papanicolaou estimada foi de 53,1% (IC95%: 38,3% - 67,5%). Em modelo multivariado, apenas diagnóstico em estádios I-II foi considerado fator de risco significativo (RR=1,57, IC 95%: 1,03 - 2,40, p-valor=0,036). A sobrevida mediana não foi alcançada em nenhum subgrupo, porém detectamos que pacientes com resultado falso-negativo ou indisponível apresentaram pior sobrevida do que os pacientes com resultado de verdadeiro-positivo - percentil 75% de 22 meses, 23 meses e não atingido, respectivamente (p-valor=0,039). CONCLUSÕES: A taxa de exame Papanicolaou falso-negativo detectada foi superior à encontrada na literatura e o único fator de risco identificado foi ser diagnosticada com estágios iniciais. Ademais, a sobrevida das pacientes com rastreamento negativo foi significativamente piora. Estratégias para melhorar o controle de qualidade do rastreamento são necessárias no Brasil.