Conexões climáticas entre os Andes tropicais e a Amazônia no registro de aerossóois em testemunho de gelo do Nevado Illimani

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Lindau, Filipe Gaudie Ley
Orientador(a): Simões, Jefferson Cardia
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/266390
Resumo: As geleiras tropicais Andinas arquivam informações ambientais importantes para a validação de modelos climáticos utilizados na previsão de tendências na precipitação sobre a América do Sul tropical, que possibilitam o desenvolvimento de estratégias de mitigação e adaptação frente aos cenários de mudança climática nessa região. Nesse contexto, esta tese investiga um testemunho de firn com 23,8 m de profundidade perfurado no Nevado Illimani (16°37’S; 67°46’O, 6.350 m acima do nível do mar, Bolívia), com o objetivo de obter proxies ambientais, principalmente relacionadas ao transporte de umidade da bacia Amazônica para os Andes. O testemunho passou por etapas de processamento e análise em três laboratórios, no EuroCold (Universidade Milano-Bicocca, Itália), no Climate Change Institute (Universidade do Maine, EUA) e no Institut des Géosciences de l’Environnement (Universidade Grenoble-Alpes, França). As partículas de poeira presentes no testemunho foram analisadas quanto a sua concentração, distribuição de tamanhos, mineralogia e composição. Na integralidade da matriz de firn foram determinados os íons majoritários, os elementos traço e as razões de isótopos estáveis (dD e d18O). O testemunho cobre um período de 18 anos (1999–2017), conforme datação baseada na variabilidade sazonal das concentrações de poeira e Ca2+, e de dD. A comparação das análises com informações atmosféricas atuais (observações meteorológicas, modelos de reanálise e imagens de satélite) permitiu a identificação de proxies ambientais. Foi observado que a proporção de partículas gigantes (diâmetro > 20 μm), quando considerada junto com o dD, responde à convecção profunda sobre o Altiplano Boliviano durante o verão, que por sua vez está relacionada ao fenômeno El Niño-Oscilação Sul. Os fatores de enriquecimento do Mn estão correlacionados (no nível de significância de 95%) com a intensidade dos jatos de baixos níveis sobre a bacia Amazônica durante o inverno. A expansão temporal do registro de poeira pelo uso dos dados de um testemunho extraído do Illimani em 1999, permitiu investigar a relação entre a poeira e o rápido degelo dos Andes tropicais nas últimas décadas. A proporção de partículas de poeira grossa (diâmetro entre 10 e 20 μm) durante o período 1919–2017 responde a uma troposfera mais quente e à redução no transporte de umidade da bacia Amazônica para os Andes, causada pelo aquecimento do oceano Atlântico tropical norte. Em contrapartida, a contaminação por Cr durante o século XXI mostrou uma redução quando comparada ao final do século XX, provavelmente devido ao maior controle na emissão de poluentes em atividades ligadas à mineração.