Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Trevizani, Tiago Marcelo |
Orientador(a): |
Silva, Rosane Azevedo Neves da |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/204256
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Resumo: |
O encontro ao acaso com algumas correspondências escritas no início do século XX, por pacientes do antigo Hospício São Pedro, localizado em Porto Alegre (Rio Grande do Sul/Brasil) é o que anima e movimenta a escrita desta tese. Durante o desenvolvimento de uma outra pesquisa nos arquivos da instituição, foram localizadas inesperadamente dezessete cartas escritas por Pierina e Isauro, entre os anos 1909 e 1912, as quais foram anexadas aos seus prontuários, ficando, assim, impedidas de chegarem aos seus destinatários. Os procedimentos de exclusão e a regulação dos discursos daqueles que eram tidos como loucos operou um silenciamento desses sujeitos, tomando seus escritos, exclusivamente, como referentes da sua suposta loucura; entende-se que a dinâmica das relações de poder é capaz de produzir “vidas memoráveis” e “vidas pouco dignas de serem lembradas”. Lembrar-se do passado, nesse sentido, significa intervir no presente, pois, quando as memórias são negligenciadas, as mazelas do passado incidem sobre o presente, repetindo-se indiscriminadamente. O encontro com as cartas, além disso, fizeram aparecer a necessidade de pensar sobre o arquivo e sua pluralidade de sentidos. A partir da relação do arquivo com o tempo, os espaços, as coisas e as palavras, são esboçados alguns traços que compõem uma espécie de mapa conceitual. No que tange às palavras, elas são tomadas como testemunho e como escritura. Como testemunho, sustentam a tensão entre o dizível e o indizível, entre a urgência e a impossibilidade de narração de uma catástrofe. Como escritura, assumem sua dimensão poética, pois, ao escrever, um escritor fabrica para si uma língua, provocando desterritorializações na sua ortodoxia sintática, semântica e ortográfica; entende-se que a escritura pode ser um modo de lidar com a dor, ao passo que potencializa a vida e alarga os sentidos do mundo. No que se refere às cartas do hospício, a pesquisa não se propôs a julgar se o seu conteúdo correspondia à verdade ou se eram produções delirantes daqueles que as escreveram; ademais, evitaram-se as interpretações e as tentativas de estabelecer o que os autores quiseram dizer, assim como se buscou esquivar-se da audácia de falar por ou no lugar daqueles que foram silenciados. A tese constitui-se como um envelope para essas cartas que foram esquecidas, fazendo ecoar as vozes daqueles que pouco puderam falar de si. |