As relações internacionais de interdependência no setor de etanol e suas implicações na cadeia de produção brasileira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Fagundes, Paloma de Mattos
Orientador(a): Padula, Antonio Domingos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/70343
Resumo: A expansão do mercado global de bioenergia é tida como uma alternativa promissora para alguns países, especialmente os potenciais produtores e fornecedores de matéria-prima, como é o caso do Brasil. A inserção do etanol na matriz energética de diferentes países produtores e consumidores será um fenômeno complexo com diferentes tipos de relações de interdependência. Este trabalho visa analisar as relações internacionais de interdependência entre Brasil e outros países produtores e consumidores - reais ou potenciais - do biocombustível etanol e as suas implicações sobre a cadeia produtiva de etanol no Brasil. Para estudar esse processo de interdependência nas relações internacionais, este trabalho explora a Teoria da Interdependência Complexa proposta por Robert Keohane e Joseph Samuel Nye Junior (2001) e a Teoria dos Jogos de John Von Neumann e Oskar Morgenstern (1944). Foi realizada uma pesquisa quali-quantitativa, por meio da análise documental com a utilização do software QDA Miner® e da aplicação de dois questionários. Para a análise documental, foram usados 101 documentos classificados como atos internacionais do setor de biocombustíveis e etanol entre os anos de 2002 e 2011, presentes nas bases de dados do governo brasileiro. O primeiro questionário, respondido por 46 mestres e doutores que trabalham ou realizam pesquisas nas áreas de etanol, agronegócios e/ou relações internacionais, buscou identificar as palavras-chave que se relacionam com as dimensões políticas, econômicas, socioambientais e técnicas no setor de etanol. O segundo questionário, respondido por 21 representantes das partes interessadas da cadeia produtiva do etanol brasileiro, visou analisar, através da lógica da teoria dos jogos, o comportamento estratégico dos atores, em uma condição de interação estratégica. A análise dos resultados demonstra que os principais atores das relações de interdependência com o Brasil no setor de etanol são Estados Unidos com um grau de interdependência alto, a Europa com um grau de interdependência médio e a China com um grau de interdependência muito baixo. As dimensões com maior desempenho nas relações de interdependência, tanto do ponto de vista dos atos internacionais como das partes interessadas, foram a dimensão política, a dimensão econômica, seguida pela dimensão técnica e socioambiental. Assim, considera-se que o comportamento estratégico observado nas relações de interdependência demonstrou que nas relações entre Brasil e Estados Unidos, o Brasil tende a ganhar pouco enquanto que os Estados Unidos tende a ganhar muito. Nas relações entre Brasil e Europa, o Brasil tende a perder muito enquanto que a Europa tende a ganhar muito, e nas relações entre Brasil e China, o Brasil tende a ganhar pouco enquanto que a China não perde nem ganha. Portanto, indiferente da interdependência existente nas relações entre os atores, sejam produtores e consumidores reais ou potenciais, todos devem buscar forças para o fortalecimento do setor, uma vez que todo o sistema global estará se beneficiando, tanto no âmbito político, econômico, socioambiental ou técnico. Esforços tecnológicos para ganhos de eficiência voltados para o crescimento sustentável da produção, criação de políticas setoriais, que ofereçam segurança e infraestrutura para a sua produção, redução de tarifas que incidem sobre o produto em todo o mundo, transformação do etanol em uma commodity global com grande número de países comprando e vendendo esse produto são algumas das ações que poderão fazer com que o etanol assuma uma posição cada vez mais estratégica na diversificação da matriz energética mundial.