Efeitos comportamentais da adoção sobre a relação mãe-filhote no início do desenvolvimento pós-natal em ratos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Finkler, Andréa Dulor
Orientador(a): Lucion, Aldo Bolten
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/203864
Resumo: As experiências da criança vividas com a sua mãe ou com seu cuidador no início da vida fornecem o modelo básico para as relações sócio afetivas na vida adulta. Dentro desta perspectiva, uma série de situações ocorridas nos primeiros anos de vida podem comprometer o desenvolvimento saudável do indivíduo. As crianças institucionalizadas, apesar de receberem cuidados adequados, apresentam importantes mudanças comportamentais na vida adulta, as quais, tem sido fortemente associada à falta de um vínculo com a figura materna no início da vida. Atualmente, ainda não se sabe como os processos de adoção humana alteram a relação mãe-bebê no início da vida. Dentro desta perspectiva, a racionalidade desta tese foi representar a complexa situação da adoção humana através de um modelo animal com o propósito de explorar o seu impacto na formação do vínculo (apego) do filho com um cuidador e, assim, contribuir com o entendimento dos processos que envolvem a adoção infantil, uma situação bastante frequente, mas pouco abordada experimentalmente. Para isso foram utilizados um total de 804 ratos Wistars (88 fêmeas prenhas, 12 machos e 704 filhotes). Inicialmente, caracterizamos o perfil comportamental dos filhotes em diferentes períodos pós-natais e o padrão de comportamento materno de ratos Wistar, no mesmo ambiente em que, posteriormente estudamos os efeitos da adoção. Posteriormente, avaliamos os efeitos comportamentais da adoção cruzada repetida de fêmeas lactantes (RCF) sobre a formação do vínculo mãe-filhote em dois períodos importantes do desenvolvimento pósnatal: no período sensível a aprendizagem do apego (dias pós-natal 1 a 3) e no período pós-sensível a aprendizagem de apego (dias pós-natal 9 a 11), tanto na perspectiva da mãe adotiva quanto na perspectiva dos filhotes adotivos. O protocolo de RCF realizado precocemente (dias pós-natal 1 a 3) reduziu a capacidade dos filhotes de preferir o odor da figura materna – filhotes machos RCF [Mdn: 0 (0-0)] vs. filhotes machos controles [Mdn: 25,67 (3,33-33,58)] e filhotes fêmeas RCF [Mdn: 0 (0-2,75)] vs. filhotes fêmeas controles [Mdn 14,17 (9,5-26,58)]. Entretanto, a adoção realizada tardiamente (dias pósnatal 9 a 11) não alterou significativamente a capacidade dos filhotes de preferirem o odor materno – filhotes machos RCF (32,53 ± 4,14) vs. filhotes controles (36,12 ± 3,84); e filhotes fêmeas RCF (37,11 ± 5,28) vs. filhotes controle (31,03 ± 5,72). Além disso, a adoção precoce reduziu o cuidado materno no dia DPN 2 – mães RCF (25,67 ± 3,50) vs. mães controles (53,75 ± 2,34); e no dia DPN 3 mães RCF (21,83 ± 2,91) vs. mães controles (37,17 ± 2,10). A adoção precoce também reduziu a motivação materna para recolher os filhotes e levá-los para o ninho – tempo para recolhimento do primeiro filhote: mães RCF [Mdn 39 (18-89,75)] vs. mães controles [Mdn 16 (8,25-28,50)]; e quinto filhote: mães RCF [Mdn 167 (79-410,5)] vs. mães controles [Mdn. 86,5 (61,75-160,3). A adoção tardia reduziu o cuidado materno no dia DPN 9 em relação as mães do grupo controle - mães RCF (23,33 ± 2,49) vs mães controle (37,17 ± 5,21). Esse estudo forneceu evidências de que o RCF, realizado durante o período sensível a aprendizagem do apego infantil (adoção precoce), criou um ambiente instável para o estabelecimento da interação mãe-filhote e, como resultado, reduziu significativamente o comportamento materno e diminuiu as respostas dos filhotes ao odor materno. Por outro lado, o procedimento de RCF realizado durante o período pós- sensível a aprendizagem do apego (adoção tardia) reduziu ligeiramente o cuidado materno, porém não alterou as respostas comportamentais dos filhotes ao odor materno.