Sobre amizade : diálogos e constelações entre literatura e hermenêutica filosófica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Oliveira, Lucas Demingos de
Orientador(a): Schmidt, Rita Terezinha
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/218335
Resumo: A amizade foi e permanece sendo uma constante fonte de preocupação, inspiração e questionamento para os mais diversos pensadores, promovendo diálogos e debates e numerosas respostas que atravessam o tempo e o espaço. A presente dissertação tem como objetivo pensar as relações de amizade em um contexto assombrado por um trauma. Para tanto, partiu-se da Hermenêutica Filosófica com a intenção de complexificar o relato de amizade de Hans-Georg Gadamer (1999, 2009, 2015). Com base nisso, levou-se em consideração alguns apontamentos a partir do debate entre Gadamer (2011) e Jürgen Habermas (1987), assim como os desenvolvimentos dos estudos de trauma, principalmente a partir de Cathy Caruth (1995, 1996). As situações de trauma e suas consequências mostram que nem sempre o diálogo entre os amigos é possível e que os amigos se veem frente a decisões entre imperativos incompatíveis. Para tentar responder responsavelmente essa demanda que o trauma exerce sobre as relações de amizade, recorro à apropriação gadameriana da phronesis, o saber ético que envolve a capacidade de responder a situação concreta a partir de uma deliberação. Foi ainda proposto como corpus de análise o romance A Little Life (2016) de Hanya Yanagihara, com o objetivo de produzir uma aproximação entre a obra e a discussão teórica, mostrando como a narrativa pode nos dizer algo, através de sua reivindição de verdade no diálogo. Desse modo, a narrativa continuou o processo de complexificação do relato de amizade. Subscreve-se à noção de que cada relação e cada situação possuem demandas particulares, as quais podem ser ouvidas a partir da abertura para o outro e respondidas por meio do exercício da phronesis. Concorda-se que há diversos elementos que compõe a experiência da amizade, em uma relação dinâmica e em movimento constante. Quando certos elementos parecem estar “assombrados” por algo, outros elementos são mobilizados. Por outro lado, também se enfatiza o caráter insubstituível do diálogo na amizade, mesmo quando ele parece impossível, e que a busca pela sua continuidade e preservação é uma tarefa constante. Por fim, é produtivo ressaltar que o trauma apenas exacerba as situações aporéticas presentes nas relações. Toda relação, algumas menos e outras mais, são confrontadas eventualmente com uma decisão indecidível que demandará uma resposta responsável.