Autolesão deliberada em crianças e adolescentes : prevalência, correlatos clínicos e psicopatologia materna

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Simioni, André Rafael
Orientador(a): Salum Junior, Giovanni Abrahão
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/158643
Resumo: Contexto: Pouco se sabe a respeito da prevalência e correlatos de autolesão deliberada em jovens de países em desenvolvimento. Além disso, existe uma escassez de estudos avaliando associações clínicas e com psicopatologia familiar ajustando-se para outras comorbidades, especialmente numa faixa etária mais jovem da população (dos 6 aos 14 anos). Objetivos: Nós investigamos a prevalência e as associações de autolesão deliberada em jo- vens desta faixa etária com fatores de risco demográficos (idade, gênero, status socioeconô- mico e etnicidade), clínico (diagnóstico psiquiátrico das crianças) e familiar (diagnóstico psiquiátrico materno) em um grande estudo comunitário no Brasil. Métodos: Participantes (n=2.508) e suas mães (n=2,295) da Coorte de Alto-Risco para Transtornos Psiquiátricos foram avaliados através da Development and Well Being Assess- ment (DAWBA) e Mini International Neuropsychiatric Interview (MINI) respectivamente. Autolesão atual (no último mês) e ao longo da vida foram estimadas, incluindo análises estratificadas por faixa etária. Regressões logísticas foram realizadas investigando o papel do diagnóstico clínico de crianças e adolescentes e da psicopatologia materna sobre as estimativas de autolesão, ajustando-se para potenciais fatores confundidores. Resultados: A prevalência de autolesão deliberada atual foi de 0,8% (0,6% para crianças e 1% para adolescentes) e ao longo da vida foi de 1,6% (1,8% e 1,5% respectivamente). Estas estimativas não variaram de acordo com a idade, sexo e etnicidade. No entanto, pertencer à classe média esteve associado a uma diminuição de 70% na probabilidade de se relatar um episódio de autolesão ao longo da vida comparando-se com a classe mais favorecida. Autolesão atual e ao longo da vida foram mais frequentes em jovens com Depressão Maior, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Transtorno Opositor Desafiante (TOD), mesmo em modelos múltiplos ajustado para variáveis demográficas e co- ocorrência de transtornos psiquiátricos. Além disso, a presença de transtorno de ansiedade nas mães esteve fortemente associada com autolesão deliberada recente e ao longo da vida em seus descendentes. Ao estratificar-se a análise por faixa etária, esta associação tornou- se não significativa para crianças com autolesão recente e adolescentes com autolesão ao longo da vida; ao passo que, especificamente em crianças, autolesão recente foi associada com transtorno de humor materno. Conclusão: A autolesão deliberada é um problema importante em crianças e adolescentes. Os diagnósticos de Depressão Maior, TDAH e TOD estão consistentemente associados com este comportamento, bem como ter uma mãe com um transtorno de ansiedade. Nos- sos resultados salientam a importância de se perguntar a respeito de comportamentos suicidas em jovens com comportamentos disruptivos, independentemente da comorbidade com depressão, e também realçam a necessidade de estratégias preventivas com um en- volvimento familiar.