Privilégio e sortilégio da cor : marcas da branquitude e do racismo nas relações étnico-raciais de jovens estudantes do vale do Rio Caí

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Ströher, Carlos Eduardo
Orientador(a): Meinerz, Carla Beatriz
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/254280
Resumo: Essa tese resulta de uma investigação, em um contexto regional de forte presença de marcadores raciais brancos, a respeito da educação das relações étnico-raciais (ERER) constituída a partir do seguinte questionamento: Como jovens estudantes concluintes do ensino fundamental nos anos de 2019 e 2020, situados em contexto de colonialidade germânica hegemônica (Vale do Rio Caí/RS), compreendem os privilégios da supremacia branca e os impactos da racismo em suas vidas escolares e comunitárias? O objetivo principal é compreender como jovens estudantes dessa região experimentam as relações étnico-raciais nos âmbitos sociais, familiares e escolares e quais suas posturas diante de situações de racismo, a partir das categorias privilégio e sortilégio, entendidas como centrais na análise. Para tanto, também foram analisadas tanto narrativas que descrevem a história da região do Vale do Rio Caí, situando-as como histórias locais marcadas pela colonialidade germânica e pelo epistemicídio das culturas indígena e africana, quanto contranarrativas construídas por representantes do Movimento Negro educador, avaliando suas potencialidades de impacto nas políticas curriculares das escolas locais. A produção de dados ocorreu através de questionários aplicados e de entrevistas coletivas realizadas junto a estudantes de três escolas dos municípios de Bom Princípio e de Tupandi, bem como por meio de entrevistas com professores de História e gestores escolares destas instituições de ensino. Trata-se de uma investigação que relaciona pesquisa de campo, embasada em referências teóricas que orientam as análises tanto da empiria quanto das fontes primárias utilizadas para a investigação (PPP das escolas e uma produção audiovisual de autoria de um coletivo negro da região). Entre as principais abordagens teóricas que alicerçam a tese, estão aquelas que tratam: a) sobre as relações raciais ao longo do processo histórico, em especial as que refletem sobre elas na contemporaneidade brasileira, enfocando principalmente o racismo e a branquitude e seus impactos sociais, particularmente nos espaços escolares; b) dos estudos críticos da branquitude provenientes dos Estados Unidos; c) da vertente dos estudos da decolonialidade crítica, do pensamento afrodiaspórico e de crítica da modernidade. Como resultado, confirmou-se a hipótese de que os jovens do Vale do Caí se constituem subjetivamente a partir de experiências individuais e sociais em que brancos e não-brancos, principalmente negros de cor preta ou parda, crescem em ambientes de desconfiança mútua, resultando na manutenção de práticas racistas e de supremacia branca. O argumento que sustenta a tese é que a escola ainda não consegue cumprir seu papel como instituição promotora da Educação das Relações Étnico-Raciais – nem na sua dimensão curricular, tampouco na relacional –, contribuindo para a permanência de pensamentos e comportamentos racistas e supremacistas brancos dentro e fora do contexto escolar. Os jovens percebem essa tensão em tratar da questão racial no ambiente escolar, fragilizando-se enquanto partícipes da comunidade de colonialidade germânica.