Da baixa boemia à baixa cidade : limites do bairro Cidade Baixa no imaginário urbano de Porto Alegre

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Reis, Vanessi
Orientador(a): Almeida, Maria Soares de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/194622
Resumo: O presente trabalho trata da investigação da delimitação espacial do bairro Cidade Baixa a partir do imaginário urbano de sua boemia noturna, medido entre 2006 e 2007. A pesquisa busca demonstrar que os limites espaciais do imaginário urbano, resgatados através de pesquisa em publicações afins à temática, publicadas em livros ou periódicos, como jornais e revistas, além de entrevistas abertas e fechadas, questionários e mapas mentais aplicados a seus usuários, no período referido, remetem a uma região pertencente à área da antiga “Baixa Cidade” – área de baixa cota de relevo e que incluía as regiões dos atuais bairros Bom Fim e Cidade Baixa, além do Parque Farroupilha e “franjas” de alguns bairros lindeiros, que transpassa os limites territoriais legais do bairro Cidade Baixa atual – o qual carrega toda a carga simbólica, imagética de valoração e das memórias da “Baixa Cidade”. A pesquisa apoia-se sobre um eixo: o da prática da boemia noturna, categorizada neste local, pejorativamente, como “baixa”, ao longo da história da cidade, desde sua fundação até a coleta de dados, estruturando a pesquisa por diferenças em categorias como a forma de apresentação destas boemias, suas motivações, seus protagonistas e frequentadores e seus espaços de ocupação, que definem três momentos temporais e enfocando, em cada fase, um olhar sobre o mesmo tema. Portanto, cada etapa apresenta métodos, conceitos, fontes documentais e referências específicas, conforme disponibilidade de serem obtidas, dada à grande cobertura temporal de desenvolvimento da cidade que a pesquisa abarca. São abordadas metodologias das áreas de História, nas subáreas de História Cultural e História Oral, e da Arquitetura, nas subáreas de História da Cidade e Evolução Urbana. No primeiro capítulo é introduzido o tema, o problema, os objetivos, as justificativas e a metodologia. No segundo capítulo, é feita a apresentação do referencial teórico, do estado da arte e dos conceitos trabalhados. No terceiro capítulo, é tratado o período desde a fundação da Cidade até a consolidação urbana e social da estrutura citadina em Acrópole, sob um olhar histórico. É tratada, também, a divisão social, espacial, arquitetônica e urbana da cidade em “Alta” e “Baixa” Cidades, sendo apresentados os elementos que as caracterizam: seus acontecimentos, personagens e lugares, mas, sobretudo, as práticas boêmias que nelas se praticavam e que lhe atribuíam valor. No quarto capítulo, a abordagem centra-se no período desde a estruturação da Avenida Independência e inauguração do loteamento junto à Hidráulica Moinhos de Vento, consolidando a “Alta Cidade” e a localização nela da “Alta Sociedade”, assim como o esvaziamento do centro, com o abandono dos casarões das famílias abastadas da parte baixa do centro, próximo ao porto e ao norte dele, até a consolidação social 6 destes espaços, com sociabilidades características de cada perfil de grupo e que implicaram a classificação destas ações, como “altas” e “baixas”. Referente às ações de lazer noturno, neste momento é instituído e disseminado o conceito de boemia usualmente utilizado, e esta ação é classificada conforme a posição espacial e os grupos que a exercem. Neste período, pela disponibilidade de testemunhos, são recolhidos depoimentos desta prática e tratadas as memórias dela, a partir da História Oral. No quinto capítulo, é tratado o período a partir da morte de Lupicínio Rodrigues até o ano de 2007. São abordados brevemente os períodos seguintes à morte de Lúpi, com o novo quadro que se instalou nas sociabilidades e nos espaços da cidade, onde os espaços noturnos de lazer foram utilizados como ponto de encontro de resistência contra o Regime Militar, assim como o enfraquecimento e queda do mesmo, com novas mudanças na vivência da cidade. A permanência da aura nos espaços do Bairro Cidade Baixa, fortalecidos pela localização, em seus espaços, de artistas de várias modalidades e suas práticas, reforçou o caráter local e consagrou o bairro como espaço de minorias e resistência a várias questões sociais, reforçando o conjunto. Por ter à disposição testemunhos que viveram estes últimos acontecimentos, que perpassaram 3 décadas, aproximadamente, foram utilizadas metodologias de História Oral para entrevistas abertas; e de Arquitetura para os questionários e mapas mentais, a partir dos quais foi obtida a abrangência da imagem mental daquele momento, indissociável de áreas lindeiras, por fatores históricos, de memória ou de pertencimento, demonstrando que o território da “baixa boemia” dos “últimos tempos” ultrapassavam os limites legais do bairro, estendendo-se por espaços adjacentes que, juntos, conformavam a “Baixa” cidade, oriunda do urbanismo português, consolidada tanto em território brasileiro como em outros países. No sexto capítulo, a pesquisa apresenta as conclusões, discutindo os resultados e a congruência de regiões lindeiras pelas sociabilidades, interligadas por questões históricas, econômicas, políticas, arquitetônicas e, sobretudo, por sua prática em comum e seu caráter. Na união entre espaços com mesma aparência arquitetônica, escala, ambiência, paisagem e semelhantes atividades sociais e culturais, compartilha-se público e se reforça a região, que apresenta, no conjunto, limites espaciais/territoriais maiores do que os do bairro Cidade Baixa, recuperando, da imagem mental de seus frequentadores, a região da antiga “Baixa” de Porto Alegre.