O transplante hepático pediátrico : relação genitores-criança e as contribuições da psicoterapia breve dinâmica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Anton, Márcia Camaratta
Orientador(a): Piccinini, Cesar Augusto
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/77206
Resumo: O transplante hepático pediátrico caracteriza-se como uma alternativa de tratamento complexa para algumas doenças terminais, sem a qual a sobrevida dessas crianças não seria possível. No entanto, mesmo após o transplante, a criança e a família continuam tendo que viver a sombra de uma doença crônica, o que afeta emocionalmente todos os envolvidos. A presente pesquisa buscou compreender o impacto do transplante hepático pediátrico na relação genitores-criança. Para tanto, foram realizados dois estudos. O Estudo I investigou a relação genitores-criança no contexto do transplante hepático pediátrico, em particular, os sentimentos referentes à parentalidade e as formas de manejo estabelecidas com o filho. O Estudo II investigou as contribuições da Psicoterapia Breve Dinâmica (PBD) para a relação genitores-criança no contexto de transplante hepático pediátrico. Em particular, buscou compreender os sentimentos referentes à parentalidade, as formas de manejo estabelecidas com o filho e as eventuais mudanças nestas dimensões, ao longo da psicoterapia. Participaram do Estudo I todos os genitores das 13 crianças pré-escolares, transplantadas de fígado, acompanhadas pelo Programa de transplante hepático infantil do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Todas as crianças haviam realizado transplante hepático eletivo há pelo menos seis meses e tinham idades entre três e seis anos, na época da coleta de dados. Nove crianças haviam realizado transplante cadavérico e quatro, intervivos. Participou do Estudo II uma das famílias participantes do Estudo I. A psicoterapia foi realizada apenas com a mãe, sendo intercalada com sessões de observação da interação mãe-criança, realizadas a cada 4 sessões de psicoterapia. A análise qualitativa dos conteúdos manifestos e latentes das verbalizações dos participantes do Estudo I e II mostrou que a relação genitores-criança é impactada de maneira profunda pela situação de transplante a curto, médio e longo prazo. O luto pela perda do bebê idealizado na gestação, a ferida narcísica, a culpa, a ambivalência, o fantasma da doença e o intenso medo da morte são problemáticas complexas, que permearam a relação genitores-criança de forma mais ampla. O imenso grau de sofrimento identificado nestes estudos mostrou ser eminentemente necessária a realização de intervenções psicoterápicas neste contexto. Os resultados mostraram que PBD com genitores traz benefícios para eles mesmos e para os filhos transplantados. Esta pode ser uma importante maneira de trabalhar conflitos referentes à parentalidade, à relação genitores-criança e ao manejo parental com os filhos, diminuindo a ambivalência na relação e auxiliando no estabelecimento de um vínculo mais estável e harmônico, o que favorece o desenvolvimento emocional infantil.