Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Janovik, Mayara Squeff |
Orientador(a): |
Torossian, Sandra Djambolakdjian |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/255867
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Resumo: |
Esta pesquisa surgiu com a interrogação acerca da escuta do não de quem diz não querer sair da situação de rua. A investigação se deu a partir da inserção profissional da pesquisadora em três equipamentos da Assistência Social: Centro Pop, CREAS e Acolhimento Institucional para adultos. Considerando a possibilidade da escuta psicanalítica no contexto da rua, a pesquisa objetivou refletir sobre as balizas que fazem o contorno dessa clínica, traçar caminhos da execução da política pública e debater o lugar do psicanalista nas instituições que atendem essa população. O não foi tomado como Traço do Caso, como aquilo que decanta da escuta clínica e em torno do qual se conduz o processo investigativo. Para além disso, propõe-se que o não seja escutado como uma marca que atravessa diversos casos clínicos de pessoas que dizem não querer sair da situação de rua. Para isso, é trazido um caso clínico ao longo da dissertação, que conduz o processo reflexivo, e a partir do qual foram levantados dois planos de análise: o plano de quem enuncia e o plano de quem escuta. No plano de quem enuncia “Não quero sair da rua”, é destacada a dubiedade do não, que carrega em si a negação e a afirmação, pois ao negar o sujeito passa a falar sobre determinado assunto. O não querer sair da situação de rua opera no contrafluxo da lógica capitalista neoliberal (ter moradia fixa, trabalhar, ser produtivo), constituindo-se em uma afirmação do sujeito que se nega a seguir um roteiro do qual não se percebe autor, tornando-se responsável pela sustentação de sua posição desejante. No plano de quem escuta, propõe-se, aqui, que o psicanalista inserido na instituição que atende pessoas em situação de rua deixe em suspenso os protocolos tradicionais de busca da saída da situação de rua para escutar o sujeito que fala. Para isso, é necessário sustentar o espaço de escuta, fazendo uma oferta ativa desse espaço, além do estabelecimento de uma posição transferencial que permita a invenção de caminhos singulares nessa clínica. Além disso, cabe ao psicanalista a posição de sustentação no trâmite institucional para acolhimento da posição do sujeito, de maneira a levar a palavra do sujeito a espaços de produção de alternativas de atendimento. No tensionamento entre o sistema formal da política pública de assistência social e a condição de produção do sujeito, é possível a construção de caminhos de acompanhamentos singulares que respeitem o desejo do sujeito quando os casos podem ser trabalhados em equipe. Desta forma, é lançado o desafio aos psicanalistas de produzir questões na instituição que façam furo à repetição da lógica da exclusão social e aniquilamento do sujeito. Assim, a escuta do não de quem diz não querer sair da situação de rua é necessária na condução da política pública de assistência social, vindo a construir novas saídas para os problemas sociais. |