Estudo do olfato em pacientes com doença de Parkinson através do Sniffin Sticks Test e ressonância magnética funcional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Trentin, Sheila
Orientador(a): Rieder, Carlos Roberto de Mello
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/218943
Resumo: Base Teórica: a Doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais comum, depois da Doença de Alzheimer. Seu diagnóstico é essencialmente clínico e baseia-se na presença de sintomas motores: bradicinesia associada a rigidez e/ou tremor de repouso. Contudo, anos antes, existe uma fase prodrômica, onde já ocorrem sintomas não-motores, dentre os quais, a diminuição do olfato, ou hiposmia, que chega a ocorrer em até 90% dos pacientes. Assim, testes olfatórios podem ajudar a diferenciar pacientes com DP de indivíduos sem a doença, a identificar pessoas que tenham maior risco de desenvolver PD, além de auxiliar no processo de diagnóstico diferencial de DP de outros parkinsonismos e tremor essencial. O Sniffin Sticks Test – SST é um dos testes olfatórios mais utilizados no mundo por permitir a avaliação do olfato sob diferentes aspectos: limiar (L), discriminação (D) e identificação (I) olfatórios. A soma do resultado dos 3 subtestes resulta em um escore global da olfação (TDI). Como acredita-se que o reconhecimento de aromas sofra influências culturais, em alguns países há adaptações neste teste. Com o intuito de melhor compreender as alterações centrais que possam estar associadas a hiposmia na DP, estudos de ressonância magnética funcional (RMf) têm sido feitos, porém ainda de forma muito incipiente e com resultados, por vezes, heterogêneos. Objetivos: O objetivo primário deste projeto é estudar o olfato de pacientes com DP brasileiros através do SST completo, comparando-os com controles saudáveis. Além disso, foi feita uma revisão sistemática da literatura e meta-análise da aplicação do SST e seus subtestes em pacientes com DP e controles em diversos países do mundo. A terceira etapa do projeto foi a de observar se há diferenças entre pacientes com DP com hiposmia leve e grave na ressonância magnética funcional em resting state (RS-fMRI), além de verificar se há correlação entre os escores olfatórios obtidos através do SST e a conectividade funcional identificada na RS-fMRI baseada em regiões de interesse, no caso, regiões cerebrais envolvidas no processamento olfatório. Métodos: foram recrutados 27 pacientes com DP e 17 controles (cônjuges não consanguíneos), de forma sequencial, no ambulatório de distúrbios do movimento do HSL-PUCRS. Os pacientes foram avaliados clinicamente através da Movement Disorders Society - Unified Parkinson's Disease Rating Scale (MDS-UPDRS). Além disso, pacientes e controles foram submetidos à avaliação cognitiva através da escala Montreal Cognitive Assessment (MoCA) e foram submetidos ao SST. Para a RS-fMRI foram selecionados 10 dos 27 pacientes: os 5 com os melhores e os 5 com piores escores olfatórios. Além disso, foi feita uma revisão sistemática em quatro bases de dados (PubMed, Embase, Cochrane e Scopus) sobre a aplicação do SST em pacientes com DP em diferentes países. Após isso, foi feita uma meta-análise com os estudos selecionados seguindo a diretriz PRISMA. Resultados: os pacientes com DP tiveram uma performance olfatória pior de forma estatisticamente significativa em relação aos controles (T: 3,0 vs 6,5, p <0,001; D: 8,1 vs 11,2, p<0,001; I:7,3 vs 11,7, p<0,001; TDI: 18,8 vs 29,9, p <0,001). O MoCA se correlacionou com o TDI (r = 0,42; p = 0,03). A proporção dos 3 subtestes para a composição do escore olfatório total é semelhante entre pacientes e controles. O SST completo é o melhor para discriminar pacientes de controles (AUC: 0,93, 95% CI: 0,86–1,00), seguido do teste de identificação olfatória (AUC: 0,87, 95% CI: 0,77–0,97). A RS-FMRI evidenciou que pacientes com DP com pior olfato têm conectividade diminuída na via olfatória transtalâmica. Além disso, a ínsula se correlacionou diretamente com a discriminação olfatória na análise conjunta dos 10 pacientes. Na metanálise, uma alta heterogeneidade foi encontrada entre os estudos, a qual não diminuiu significativamente após o agrupamento por país, o que sinaliza que talvez a influência cultural tenha uma pequena contribuição para os resultados do SST. Conclusão: a perda olfatória parece ocorrer de forma qualitativamente semelhante em pacientes com DP e controles e estar correlacionada com o desempenho cognitivo. Nenhum subteste supera a aplicação do SST completo na diferenciação entre pacientes e controles, mas se tivermos de optar por um subteste para este propósito, o melhor é a identificação. Questões culturais parecem influenciar pouco no desempenho olfatório. A conectividade da via olfatória transtalâmica parece ser um diferencial entre pacientes com DP com hiposmia leve e grave. Além disso, a ínsula parece ter envolvimento na capacidade de discriminação olfatória.