Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Pilz, Luísa Klaus |
Orientador(a): |
Hidalgo, Maria Paz Loayza,
Roenneberg, Till |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/188972
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Resumo: |
Introdução: Organismos de praticamente todos os filos possuem um sistema temporizador que orquestra seus ritmos e os sincroniza aos ritmos de 24 horas do ambiente. Estes ritmos foram mantidos ao longo da evolução por pressões de seleção que favoreciam a sincronização ao dia externo; se não for por ela, o sistema perde sua principal vantagem: otimizar as funções do organismo de acordo com as alterações previsíveis do ambiente. A luz é o principal sinal externo a sincronizar os ritmos biológicos, provavelmente por refletir as mudanças cíclicas que ocorrem no ambiente. Com o advento da eletricidade, o ser humano deixou de organizar suas rotinas de acordo com as transições dia-noite. Numa escala evolutiva, estes novos estilos de vida são tão recentes que nossa biologia ainda não está adaptada, trazendo como consequência perturbações de ritmos e do sono (cronorruptura). Considerando que praticamente toda a fisiologia está sob controle do relógio, o estudo dessas alterações e como estão relacionadas a diferentes estados de saúde e doença provavelmente nos permitirá propor estratégias de prevenção e tratamento com foco na sincronização circadiana. Objetivo: Avaliar a utilização de métodos que investiguem variáveis relacionadas a ritmos biológicos e sua aplicabilidade e conveniência em estudos clínicos e epidemiológicos. Metodologia: Estudo 1: Investigamos a confiabilidade de uma escala desenvolvida com o objetivo de avaliar ritmos de variáveis frequentemente alteradas em transtornos de humor (Instrumento de Ritmos de Humor). Estudo 2: Avaliamos a capacidade do Instrumento de Ritmos de Humor em diferenciar indivíduos com e sem risco para transtornos psiquiátricos em uma amostra brasileira e em uma amostra espanhola. Estudo 3: Investigamos diferenças em horários e duração de sono em comunidades quilombolas rurais com diferentes históricos de acesso à eletricidade utilizando actimetria e o Questionário de Cronotipos de Munique (Munich ChronoType Questionnaire, MCTQ), testando a aplicabilidade e correspondência entre estes instrumentos no contexto de estudos epidemiológicos de campo. Estudo 4: Avaliamos, nas comunidades quilombolas, quais variáveis derivadas do MCTQ estão associadas a sintomas depressivos. Resultados: Estudo 1: Observamos que o Instrumento de Ritmos de Humor não é sujeito a viés de memória significativo e que a soma de itens em que a presença de um pico foi reportado está associada a escores de sintomas de depressão e bem-estar. Estudo 2: A presença de picos em determinados sinais e comportamentos que estão alterados em transtornos de humor apresentou diferentes prevalências em indivíduos com risco para transtornos psiquiátricos (tristeza no Brasil, motivação na Espanha, pessimismo e motivação para exercício em ambos países). Além disso, na amostra brasileira, que apresentava altos níveis de desalinhamento circadiano, mais indivíduos em risco reportaram que seu pico de sonolência acontecia pela manhã. Na amostra espanhola, por outro lado, a diferença entre o pico de apetite e motivação para se exercitar foi significativamente menor em indivíduos em risco, tendo uma maior proporção deles reportado que seu pico de apetite ocorre antes do pico de motivação para o exercício. Tais achados sugerem que eles podem estar em uma condição de cronorruptura. Estudo 3: A actimetria e o MCTQ demonstraram correspondência entre si e, no contexto da pesquisa de campo, se mostraram como instrumentos ideais para medida contínua e retrospectiva de ritmos de atividade-repouso e sono-vigília. Em comunidades com acesso à eletricidade, os indivíduos dormem, em média, mais tarde e, em algumas das comunidades, a duração de sono também é mais curta. Estudo 4: O jetlag social, controlandose para idade e sexo, está significativamente associado a sintomas depressivos nas comunidades quilombolas. Conclusões: Nesta tese, a aplicabilidade e a relevância da avaliação de ritmos em estudos epidemiológicos foi demonstrada. Tanto a actimetria, quanto o MCTQ se mostraram bons instrumentos na avaliação de ritmos de atividade-repouso e sono-vigília em estudos de campo. O jetlag social, aferido pelo MCTQ, parece estar associado a sintomas depressivos e é uma medida interessante em estudos que investiguem as consequências dos estilos de vida atuais para a saúde. Estudos longitudinais que demonstrem como o desalinhamento circadiano em diferentes níveis pode estar envolvido na etiologia de estados patológicos são essenciais para que possamos propor estratégias de prevenção e desenvolver tratamentos que atentem para estes aspectos. A avaliação de ritmos de humor apresenta potencial para auxiliar no diagnóstico de transtornos psiquiátricos. Futuros estudos em pacientes deprimidos podem comprovar tal aplicabilidade. Estudos adicionais que avaliem as diferenças de fase entre os itens do Instrumento de Ritmos de Humor podem contribuir no entendimento de estados de cronorruptura. |