Geografias do corpo : por uma geografia da diferença

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Nunes, Camila Xavier
Orientador(a): Rego, Nelson
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/94741
Resumo: Somos sujeitos marcados pela diferença, seja de gênero, etnia, credos, fé, língua, ideologia, política – entre tantos outros aspectos que nos constituem como humanos. A diferença produz espacialidades diversas e outras geografias, uma Geografia dos Corpos é muito distinta das Geografias do Corpo: a primeira fundamenta-se na diversidade e a segunda, na diferença. E qual a distinção de uma abordagem pela diversidade ou pela diferença? Mais do que desenvolver um estudo das práticas corporais em diferentes escalas temporo-espaciais e elencar algumas similaridades e questões que as envolvem, a proposta é apresentar o corpo como sujeito e objeto da experiência. O que se defende é espaço como experiência corporalizada: trata-se de uma Geografia da Diferença em que o corpo é um importante elemento do espaço, que indissociavelmente transforma e é transformado por esse. A espacialização é parte da constituição da diferença, o próprio espaço é estabelecido no ser; posto que espacialização e alteridade são indissociáveis. A escala do corpo, que por muito tempo suscitou para a Geografia uma condição de estranhamento, como se a corporalidade estivesse muito mais direcionada a pesquisas filosóficas, antropológicas, psicológicas, fisiológicas do que as geográficas, é retomada por uma abordagem que recoloca o sujeito no centro da produção espacial. A incorporação do espaço como dimensão constitutiva admite a produção de engajamentos que se voltam para ação criativa e transformadora, como também para a composição de novas espacialidades que recolocam o sujeito no interior do processo de significação do mundo, a partir do qual se revelam outras geografias. Uma nova política do espaço requer um novo paradigma ético-estético que não considera o espaço apenas como representação, mas como prática da experiência humana na diferença a partir de espacialidades que congregam fluxos, passagens, descontinuidades e conexões que agenciam uma totalidade que vai muito além da soma das partes. A emancipação dos sistemas de representação está na possibilidade de se imaginar espaços que evidenciam seus significados pela incorporação das experiências, uma vez que as informações estão no corpo e no espaço como instâncias interligadas. Uma intepretação ativa do mundo é aquela que inclui a si próprio na constituição de fatos do cotidiano e do simbólico, ultrapassa o caráter contemplativo da busca da verdade do mundo. É, também, quando o sujeito se percebe enquanto objeto do conhecimento, não havendo separação entre um e outro devido a sua inextricabilidade. A reflexão teórica não é desatenta e nem tão pouco descorporalizada; quando se separa sujeito e objeto, está-se excluindo o caráter cognitivo da experiência, encontrando-a apenas como abstração. A necessidade de um uso diferenciado do conhecimento conduz a uma reorganização dos conceitos e também da possibilidade de atuar no mundo a partir de um conhecimento corporalizado, em que cognição, percepção e representação não são análogas. A corporalidade abre um espaço de sensibilização e ressignificação, vincula tempo-espaço individual e tempo-espaço coletivo, instituídos em um movimento no qual o sujeito interpreta a si, ao outro e ao mundo.