Investigação do tempo entre primeira consulta e diagnóstico e do tempo entre diagnóstico e início de tratamento e fatores associados em pacientes com câncer de pulmão, mama e próstata, atendidos em um hospital público de referência em Porto Alegre, de 2012-2016

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Bobek, Paulo Ricardo
Orientador(a): Bordin, Ronaldo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/243128
Resumo: Introdução: em 2018 o câncer causou 9 milhões de mortes, das quais 70% em países de baixa e média renda. As desigualdades sociais associadas ao câncer potencializam o atraso no acesso ao diagnóstico e início do tratamento e consequente aumento de letalidade. Objetivo: investigar o tempo entre a primeira consulta e o diagnóstico e o tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento e possíveis fatores associados. Métodos: emprego de registros da base de dados hospitalar de um hospital de referência no Sul do Brasil, período 2012-2016. Os fatores associados incluíram variáveis sociodemográficas e clínicas. Os tempos investigados foram categorizados a partir de legislação específica. Comparações foram realizadas por meio do teste de homogeneidade de proporções baseado na estatística de qui- quadrado de Pearson. Os fatores associados aos tempos foram investigados por modelo de regressão de Poisson com variação robusta. Resultados: a amostra de casos estudados totaliza 2.606 pessoas, sendo 1.023 (39,3%) casos com câncer de mama, 983 (37,7%) câncer de pulmão e 600 (23%) câncer de próstata. Nos casos de câncer de pulmão há predomínio de pessoas com idade de 50 a 79 anos (86,8%), sexo masculino (57,6%), branca (88,9%), ensino fundamental completo (76,3%), estadiamento 4 (60,3%) e 45,1% evoluiu para o óbito. As pessoas com estadiamento 0 apresentaram o maior RR do tempo superior a 30 dias entre a primeira consulta e o diagnóstico (4,33 vezes maior do que para pacientes com estadiamento 4 - referência); o maior RR (1,76) do tempo superior a 60 dias entre o diagnóstico e o início do tratamento foi no grupo de estadiamento 2. Nos casos de câncer de mama há predomínio de pessoas com idade de 50 e 69 anos (50,8%), branca (92,8%), ensino fundamental completo (55,4%), estadiamento 2 (46,4%) e 6,6% evoluiu para o óbito. No desfecho tempo entre a primeira consulta e o diagnóstico acima de 30 dias os pacientes, quando comparados aos pacientes com estadiamento 4 (referência), o estadiamento 0 apresentou o maior RR ( 8,81); n o desfecho tempo entre o diagnóstico e o início de tratamento acima de 60 dias, pacientes com estadiamento 1 apresentaram o maior RR (2,46). Nos casos de câncer de próstata há predomínio de pessoas com idade de 60 a 69 anos (43,4%), branca (89,8%), ensino fundamental completo (76,5%), estadiamento classificação 2 (59,5%) e 5,8% evoluiu para o óbito. No desfecho de tempo entre a primeira consulta e o diagnóstico acima de 30 dias o estadiamento 1 apresentou o maior RR (1,50); no desfecho de tempo entre a primeira consulta e o diagnóstico acima de 60 dias, os pacientes com estadiamento 1 apresentaram o maior RR (2,45). Conclusão: o desfecho de tempo entre a primeira consulta e o diagnóstico acima de 30 dias, para os casos de câncer de pulmão, permaneceram no modelo como variáveis explicativas do desfecho a faixa etária (p = 0,05) e o estadiamento (p < 0,001); para o desfecho de tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento acima de 60 dias, permaneceram variáveis explicativas do desfecho a faixa etária (p = 0,024) e o estadiamento (p = 0,03) e apresentaram-se com RR de proteção as faixas etárias de 20 a 49 anos (RR = 0,29, IC95% = 0,20 – 0,55) e 60 a 69 anos (RR = 0,53, IC95% = 0,31 – 0,90). Os respectivos riscos relativos brutos e ajustados para o desfecho tempo entre a primeira consulta e o diagnóstico acima de 30 dias, para os casos de câncer de mama ajustado por faixa etária, raça/cor e escolaridade, mostraram que o RR de estadiamento diminuiu a medida que a classificação aumentou; para o desfecho tempo entre o diagnóstico e o início de tratamento acima de 60 dias, permaneceram no modelo explicativo final as variáveis faixa etária (p = 0,003) e estadiamento (p = 0,003). O desfecho de tempo entre a primeira consulta e o diagnóstico acima de 30 dias, para os casos de câncer de próstata, o estadiamento ficou a variável explicativa do tempo entre a primeira consulta e o diagnóstico, com significância estatística para as classificações 1 e 2 quando comparadas à classificação 4; para o desfecho de tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento acima de 60 dias, permaneceu no modelo explicativo somente a variável estadiamento.