Os sentidos do trabalho na educação profissional : um estudo a partir do IFRS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: San Segundo, Mário Augusto Correia
Orientador(a): Franzói, Naira Lisboa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/232597
Resumo: Esta tese foca nas relações entre trabalho e educação com objetivo principal de discutir como os sentidos atribuídos ao trabalho humano repercutem na educação profissional. A pesquisa foi realizada a partir da análise de documentos institucionais do IFRS e de entrevistas de dirigentes de ensino dos cinco campi da mesma instituição, situados na região metropolitana de Porto Alegre. Os referenciais teórico-metodológicos são os do materialismo histórico e dialético. As principais categorias analisadas foram trabalho, educação profissional, contradição e luta de classes em suas mediações com o cotidiano. Também abordou conceitos teóricos como politecnia e trabalho como princípio educativo. Na análise dos documentos institucionais do IFRS, percebe-se uma orientação explícita sobre como a categoria trabalho deve ser entendida e relacionar-se com a educação profissional na instituição, que é o trabalho em seu sentido ontológico e histórico como fator fundamental para a produção e reprodução da vida em sociedade, sem resumi-lo às suas relações de mercado e formato assalariado, típicos das práticas sociais capitalistas de produção. Neste sentido, a educação profissional do IFRS não deve estar subordinada às demandas do mercado de trabalho, mas sim àquelas do mundo do trabalho, do desenvolvimento social, econômico, cultural e ambiental locais, geração de trabalho e renda e outras orientações relacionadas a uma educação integral, de horizonte politécnico e com o trabalho como princípio educativo. Constata-se que há uma ausência relativa do trabalho como tema relevante nas discussões cotidianas nos campi estudados, e que nesta ausência crescem posições de uma educação influenciada pelo neoliberalismo, mercantilização da educação e políticas de modernização conservadora. Discutem-se, então, as contradições e mediações nas quais parte dos próprios educadores que atuam no IFRS implementam práticas político-pedagógicas que contrastam com os objetivos institucionais. A partir da análise da categoria de luta de classes, também verifica-se que apenas ações de formação não resolveriam as contradições, pois há um processo de disputa deflagrado pelos rumos da educação profissional, que extrapolam os problemas das incompreensões, tratando-se de divergências a respeito das próprias perspectivas de sociedade, onde os projetos em disputa são o de educação profissional e mundo do trabalho na perspectiva contra-hegemônica, a partir da defesa de educação integral, politécnica e trabalho como princípio educativo e aquele que vincula a educação profissional às lógicas do mercado de trabalho, às relações assalariadas, de empregabilidade convencional em vagas de emprego já instaladas. Trata-se, pois, de projeto educacional associado à razão neoliberal, às políticas de modernização conservadora e à visão de mercantilização da educação, que tem como sentido do trabalho a sua forma mercadoria. A tese é que a política de educação profissional do IFRS está em disputa, por um grupo de educadores do próprio IF que defendem, implementam ou acabam por reproduzir posições político-pedagógicas antagônicas às da educação profissional contra-hegemônica, para a qual os IFs foram criados. Está passando desapercebido, porém, na instituição, o quanto essas formulações alteram os objetivos institucionais e os vínculos do IFRS com o mundo do trabalho, subordinando a educação profissional às lógicas de mercado.