Comparação do liquor coletado por punção lombar e pela derivação ventricular externa para o diagnóstico de infecção do sistema nervoso central em pacientes com ventriculostomia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Finger, Guilherme
Orientador(a): Stefani, Marco Antonio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/211232
Resumo: Pacientes pós-operatórios de neurocirurgia portadores de ventriculostomia que apresentam quadro febril e alterações sistêmicas sugestivas de infecção necessitam ser investigados quanto à possibilidade de infecção do sistema nervoso central (SNC). O diagnóstico desta situação baseia-se em achados microbiológicos e bioquímicos do liquor. Contudo, a coleta deste material pode ser obtida por dois sítios distintos (espaço subaracnóide e ventrículos cerebrais), cuja coleta de cada sítio é considerada o padrão outro para diagnóstico de meningite ou ventriculite, respectivamente. A coleta de apenas um destes sítios pode promover resultado duvidoso ou falso negativo, o que retarda o início do manejo adequado destes pacientes aumentando sua morbimortalidade. Ademais, alterações liquóricas secundárias ao processo inflamatório pelo ato cirúrgico ou pela patologia de base são semelhantes àquelas presentes nas infecções do SNC. Diferenciar os casos de meningite asséptica das meningites bacterianas no cenário pós-operatório é uma tarefa difícil, e com frequência não consegue-se evitar o uso de antibioticoterapia desnecessária. Diante deste cenário, os autores estudaram as análises bioquímicas e microbiológicas dos pacientes portadores de ventriculostomia que estavam sob suspeita de infecção do SNC e, então, avaliaram se há correlação entre os achados destas amostras e se a acurácia diagnóstica de ambos os sítios se equivale. O projeto foi realizado pelo Departamento de Neurocirurgia do Hospital Cristo Redentor. O tamanho amostral foi definido através de um estudo piloto, que indicou a necessidade de 141 amostras para obter-se um poder de 95%. Os pacientes pósoperatórios de neurocirurgia portadores de ventriculostomia, que apresentassem febre e respeitavam os critérios de inclusão e exclusão foram submetidos a coletas de liquor por PL e pela DVE. As amostras foram analisadas conforme os critérios do CDC para determinar o diagnóstico de infecção, assim como a sensibilidade de cada sítio. A correlação diagnóstica entre os sítios de coleta foi avaliada através do Índice do Coeficiente de Concordância de Kappa. As 141 amostras foram coletadas em 108 paciente, sendo a maioria do sexo feminino (58,3%) e a média de idade de 57,81 anos. A principal patologia intracraniana que indicou a colocação da DVE foi HSA, seguida de AVEh paracapsular com hemoventrículo. Entre as 282 amostras, 102 foram compatíveis com infecção. Avaliando-se isoladamente, 70 das 141 amostras coletadas pela PL e 32 das 141 amostras coletadas da DVE foram compatíveis com infecção. Analisando-se os 70 casos de meningite, em 25 casos o liquor coletado pelo sistema da DVE do mesmo paciente também foi compatível com infecção (ventriculite), mas em 35 casos apenas o liquor coletado pela PL foi compatível com infecção. Por sua vez, nos casos de ventriculite, apenas 7 nāo tinham alterações compatíveis com infecção na amostra coletada pela PL. Ou seja, 45 (58,44%) casos foram compatíveis com meningite, 7 (9%) casos de ventriculite e 25 (32,46%) casos de meningo-ventriculite. O Coeficiente de Concordância de Kappa entre os resultados da PL e da DVE foi de 0.260. Este trabalho demonstrou que todos pacientes submetidos a neurocirurgias e portadores de DVE que evoluem com quadro sugestivo de infecção requerem investigação liquórica tanto do sistema ventricular (DVE) quanto do espaço subaracnóide (PL). A coleta de liquor apenas do sistema de DVE apresenta baixa sensibilidade e baixo valor preditivo negativo, portanto, sua coleta isoladamente nāo permite a exclusão do SNC como foco infeccioso. A complementação da investigação com PL apresenta uma sensibilidade 2,18 vezes maior para diagnóstico de infecção, além de uma maior segurança na exclusão diagnóstica quando, juntamente com o LCR da DVE, não tiver critérios de infecção.