Avaliação da concordância entre a estimativa de volume urinário pela ultrassonografia de bexiga e o volume real em pacientes críticos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Bonatto, Vanessa Frighetto
Orientador(a): Azzolin, Karina de Oliveira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/289668
Resumo: Introdução: O uso de cateteres vesicais de demora em pacientes críticos é comum em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), mas está associado a altos índices de infecções do trato urinário relacionadas ao cateter. A ultrassonografia (USG) de bexiga apresenta-se como alternativa não invasiva para avaliar o volume vesical, contribuindo potencialmente para a redução da necessidade de cateterização. No entanto, a maioria dos estudos existentes foca na USG em populações clínicas e cirúrgicas e em casos de retenção urinária aguda, deixando uma lacuna quanto à precisão da técnica em pacientes críticos. Objetivo: Este estudo teve como objetivo avaliar a concordância entre o volume vesical estimado por USG e o volume drenado pelo cateter em pacientes críticos, além da confiabilidade dessas medições realizadas por diferentes profissionais de saúde. Método: Trata-se de um estudo transversal, unicêntrico, realizado no centro de terapia intensiva do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, entre dezembro de 2023 e agosto de 2024. Foram incluídos pacientes adultos, de ambos os sexos, internados na UTI e em uso de cateter vesical de demora, com função renal preservada e estabilidade hemodinâmica. O processo de seleção foi diário, com identificação dos pacientes elegíveis no prontuário eletrônico, e, após consentimento informado, os pacientes foram incluídos no estudo. As avaliações de volume vesical foram realizadas à beira do leito por pares de avaliadores compostos por médicos e enfermeiros, que receberam treinamento padronizado para garantir uniformidade na execução dos exames. Cada avaliação foi precedida de clampeamento do cateter por 3 horas, permitindo enchimento adequado da bexiga. O exame de USG foi realizado de forma cega e independente por dois avaliadores, utilizando a técnica do elipsoide prolato e medindo os diâmetros latero-lateral, súpero-inferior e ântero-posterior da bexiga. Após a USG, o volume estimado foi comparado com o volume drenado pelo cateter, medido com seringa graduada. Foram coletadas variáveis sociodemográficas e clínicas. A concordância entre os volumes estimados e drenados foi avaliada pela análise de Bland-Altman e os limites de concordância foram expressos como a diferença média ± 1,96 desvios padrão. A homocedasticidade foi verificada pelo teste de White e a correlação de Spearman quantificou a associação entre as estimativas dos avaliadores e os volumes drenados. Resultados: Cinquenta e três pacientes participaram do estudo, resultando em 100 avaliações pareadas. O tempo médio de clampeamento foi de 183 ± 20 minutos e cada avaliação durou em média 3,2 ± 1,3 minutos. A análise de Bland-Altman revelou uma diferença média entre o volume estimado por USG e o volume drenado de –30,32 mL (IC 95%: –123,56 mL a 62,91 mL) para enfermeiros. A correlação de Spearman indicou forte associação entre as estimativas dos avaliadores e o volume drenado (ρ = 0,9228, p < 0,001). Discrepâncias mais significativas ocorreram para volumes superiores a 200 mL, sem padrão claro de sub ou superestimação. Considerações finais: Conclui-se que a USG é um método confiável para estimar o volume vesical em pacientes críticos, com alta concordância entre as estimativas realizadas por enfermeiros. Observou-se uma tendência à subestimação dos volumes pela USG, o que deve ser considerado ao utilizar o método. Apesar dessa limitação e da dependência do operador, a USG pode ser utilizada de forma segura por ambos os profissionais, contribuindo potencialmente para a redução das infecções do trato urinário relacionadas ao cateter na UTI. Reconhecer a variabilidade da técnica é essencial em decisões críticas, como a manutenção ou remoção do cateter.