Taxidermia : seguido e A figura paterna e suas máscaras, ensaio ficciofilosófico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Zeni, Barbara Seger
Orientador(a): Sanseverino, Antônio Marcos Vieira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/236095
Resumo: Esta tese divide-se em três partes complementares entre si, mas que, porém, tratam de assuntos diversos e usam formas próprias de comunicação. A primeira parte é uma narrativa em primeira pessoa que descreve a trajetória íntima da construção da narrativa ficcional Taxidermia. Não é propriamente um diário de criação, mas um relato do percurso mental e material do processo criativo de escrita. Nessa seção, conto um pouco da origem da ideia, das influências que recebi, dos momentos de vida marcantes na persecução do texto literário. Na segunda parte, apresenta-se a narrativa ficcional Taxidermia em si. Trata-se de um plano de romance combinado já com partes de sua execução nos formatos narrativo, poético e de roteiro de cinema. O enredo conta a história de um pai de família classe média, que, pressentindo a chegada da morte, toma a decisão de ser taxidermizado. Tal decisão passa a afetar profundamente seu núcleo familiar e aqueles ao seu redor, fazendo com que conflitos do passado venham à tona, somando-se ao conflito mais recente, que é o da presença do pai empalhado na sala de estar. A estrutura do romance é paratática, organizando-se em blocos e mini blocos descontínuos, conectados por meio da figura paterna. Os temas que o romance visa abordar são: (a) o homem taxidermizado como signo perene e carnificado da morte, o desejo de imortalidade e de eternização humana; e (b) o funcionamento de algumas famílias brasileiras, visando desvelar o caráter das elites e da classe empresarial: seus preconceitos, seu racismo, seu classismo, seu autoritarismo. Em suma, o patriarcado brasileiro, que insiste em não morrer, mas em constantemente se reatualizar e reaparecer onde menos esperávamos, ainda que já seja uma ideologia moribunda, que vem sendo despossuída paulatinamente de seus poderes e prerrogativas há pelo menos dois séculos. Na parte reflexiva final, um ensaio teórico relacionado ao texto literário é desenvolvido. Nesse segmento, procuro estabelecer um diálogo entre a figuração de personagens ficcionais paternas e a história, cultura e sociedade brasileira das épocas abordadas, tentando explicitar como a figura paterna acaba expondo uma ordem social em função do modo como exerce seu poder na relação com os demais membros da sociedade. Meu intuito é discutir os processos ligados às metamorfoses da figura paterna nas famílias de elite da sociedade brasileira, a saber, como se passou, paulatinamente, de uma figura centralizadora de poder absoluto, o pater familias, num sistema de patriarcado rural de base escravista às exigências mais recentes de que a figura paterna se encaixe em um “paradigma do cuidado” tanto diante da Lei quanto no plano do afeto subjetivo. Além disso, discute-se a hipótese de que a sociedade brasileira, de forma geral, exprime um sentimento de orfandade paterna e uma necessidade de cuidado paternalesco de parte de líderes políticos que exerceram o papel de “pai do povo”, “pai dos pobres” ou “pai da nação” em função de sua extrema vulnerabilidade, expressa tanto a nível educacional, como alimentar, habitacional, ocupacional, psicológico, metafísico etc.