Não se nasce homem, torna-se : a emergência das transmasculinidades e o espaço biográfico de João Walter Nery (1950-1988)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Tedesco, Caio de Souza
Orientador(a): Schmidt, Benito Bisso
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/277639
Resumo: O presente estudo tem como objetivo investigar a constituição de si de João Walter Nery através do campo de possibilidades que permitiu seu autoforjar como transhomem, bem como da produção de seu espaço biográfico, a partir de uma perspectiva queer, transfeminista, interseccional e decolonial. Com recorte temporal entre os anos 1950-1988, faz-se recuos e avanços que corroboram com a análise. Desse modo, primeiro busca-se historicizar os conceitos de cisgeneridade, transexualidade, gênero, sexo, sexualidade, “ser homem”, “ser mulher”, masculinidade(s) e feminilidade(s), sobretudo no escopo dos regimes biopolíticos disciplinar e farmacopornográfico, para compreender a formação sócio-histórica da matriz cisheterossexual, branca e moderno-colonial de gênero. A partir disso, as transgressões de gênero que criam fissuras nesses cistemas de gênero/sexo e desejo se tornam o foco da análise, a fim de proporcionar um entendimento da relação entre percursos biográficos, campo de possibilidades e relações de poder historicamente engendradas. Posteriormente, a pesquisa concentra-se na investigação das produções de si de João Walter Nery através da análise de seu espaço biográfico, elaborado entre 1977 e 1988, e das suas aproximações com a sua identidade de gênero. Para tanto, foram examinadas como fontes a primeira autobiografia de Nery, Erro de Pessoa: João ou Joana? — O depoimento de um transexual brasileiro que, nascido mulher, finalmente se realizou como homem, publicada em 1984 pela Editora Record, do Rio de Janeiro, duas entrevistas que cedeu em 1985 (para a Folha de São Paulo e para a TV Manchete) e, também, o capítulo A anatomia não é o destino de sua autoria, publicado no livro O Destino (MASCARENHAS et al, 1988). Nas considerações finais, encontrar-se-ão reflexões acerca do significado de “ser homem” e, também, sobre a produção historicamente situada das subjetividades — com foco no que concerne às relações de gênero — e a elaboração de espaços biográficos transgressores.