Perfil epidemiológico dos nascidos vivos em Tangaráda Serra-MT durante osurto do vírus Zika em 2016

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Silva, Juliana Herrero da
Orientador(a): Faccini, Lavinia Schuler
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/212073
Resumo: Introdução: Em 2015, o vírus Zika (ZIKV) ocasionou surto de infecção em grandes proporções no Brasil, iniciando no nordeste e espalhando-se para 18 estados brasileiros até o final do mesmo ano. Apesar de descrita como uma doença aguda com sintomatologia leve, em março de 2016 foi comprovada como a causa de danos cerebrais e microcefalia em recém-nascidos de mães expostas ao vírus durante a gestação. No inicio de 2016 foi descrita a Síndrome Congênita por Vírus Zika. Mas muitas questões ainda permanecem abertas, por exemplo, se existem diferenças geográficas no risco de desenvolvimento de microcefalia em mulheres expostas bem como fatores sociais e genéticos envolvidos. O Centro-Oeste brasileiro, apesar de atingido fortemente pelo surto pelo ZIKV foi menos estudado comparativamente ao Nordeste e até o momento poucos estudos com populações definidas e inteiramente cobertas foram realizados. Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico das crianças expostas ao ZIKV no período gestacional materno em Tangará da Serra, MT. Métodos: Estudo transversal, observacional, com base nos dados do SINASC (Sistema de informação sobre nascidos vivos), SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) e do RESP (Registro de Eventos em Saúde Pública). Realizado no município de Tangará da Serra, localizado a cerca de 240 km da capital do estado, Cuiabá. Foram avaliados todos os nascidos vivos residentes em Tangará da Serra, entre 01 de janeiro e 31 de dezembro de 2016. Estes nascidos foram categorizados em dois grupos: grupo exposto e grupo sem história de exposição. Foram extraídos do SINASC os dados de condições sócio demográficas, do parto e do nascimento. A microcefalia foi investigada inicialmente ao nascimento e após 48 horas de vida a partir da medida do perímetro cefálico (PC), de acordo com os critérios do Ministério da Saúde. Os exames laboratoriais de RT-PCR para ZIKV foram realizados a partir de coleta de sangue periférico nas gestantes sintomáticas no dia da suspeita da doença. Os locais de moradia das mães durante a gravidez foram georreferenciadas a partir de coordenadas geográficas de latitude e longitude. Resultados: No ano de 2016, em que dentre os 1.441 nascidos vivos de residentes de Tangará da Serra, 106 (7,3%) foram de mães com exposição ao ZIKV. Cinco nascidos vivos apresentaram microcefalia devido à exposição ao ZIKV, assim, a prevalência de microcefalia atribuível à infecção congênita foi de 34,7/10.000. Comparativamente, no grupo não exposto, houve dois casos de 9 microcefalia (1,5/10.000). A macrocefalia também foi mais prevalente nas pessoas expostas ao ZIKV, assim como a morte neonatal. As variáveis sociodemográficas e geográficas, com exceção da cor da pele autorreferida, não diferiram entre crianças expostas e presumivelmente não expostas. A maior ocorrência dos nascimentos de crianças em que as mães foram expostas ao ZIKV ocorreu entre março e julho de 2016, o que coincide com o período de maior circulação do vírus no município. A observação geográfica e a análise de Hot Spot relacionando nascidos vivos, nascidos vivos expostos ao ZIKV, e microcefálicos, não indicam regiões de maior risco para nascimentos com a SCZ em Tangará da Serra (p = 0,6). Conclusão: Este é o primeiro estudo de base populacional realizado em um espaço geográfico definido que investiga a prevalência de microcefalia congênita decorrente do ZIKV após um surto desta infecção.