A reforma luterana e a educação de meninas pobres

• Ano de defesa: 2024
• Autor(a) principal: Plácido, André Luis Arruda
• Orientador(a): Moraes, Gerson Leite de
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Presbiteriana Mackenzie
• Palavras-chave em Português: teologia; filosofia; escolástica; renascimento; humanismo; reforma protestante; educação; meninas
• Link de acesso: https://dspace.mackenzie.br/handle/10899/40026

O monaquismo medieval já se preocupava com a educação de meninas, mas estas, em sua esmagadora maioria, eram garotas da nobreza e da aristocracia. Muito dificilmente uma menina pobre teria a chance de ser alfabetizada durante toda a Idade Média. O monge agostiniano Martinho Lutero (1483-1546), munido de conhecimento e práticas bíblicas, teve essa preocupação e até mesmo ajudou a fundar escolas para meninas. O reformador alemão, influenciado pelo Humanismo Renascentista, enfrentou o sistema educacional de seu tempo, seu maior inimigo intelectual, a escolástica – que via no homem a capacidade de entender a Deus de forma racional para a sua salvação e a qual combateu com suas 97 teses –, e a Igreja Católica Romana e suas inovações como a mediação de Maria e dos santos, a transubstanciação, as boas-obras para a salvação, as relíquias e as indulgências – combatidas pelas suas 95 teses –; inovações que formavam uma verdadeira barreira de obras humanas entre o Deus de amor e graça e a humanidade carente de perdão e salvação. Lutero ainda alertou, em suas obras: À Nobreza Cristã da Nação Alemã, acerca da Melhoria do Estamento Cristão (1520), Aos Conselhos de Todas as Cidades da Alemanha para que criem e mantenham escolas cristãs (1524) e Uma Prédica para que se Mandem os Filhos à Escola (1530), aos príncipes, as autoridades municipais e aos pais de meninos e meninas de toda a Alemanha a respeito da necessidade de se tornaram estudantes a fim de que pudessem ser pessoas preparadas para atuar tanto na Igreja quanto na sociedade civil. Sua dedicação não se limitou aos seus escritos, mas, também, a ações por vários territórios e cidades germânicas, trazendo formação acadêmica de qualidade aos filhos e filhas da Alemanha. Algumas de suas ideias e reivindicações não se concretizaram por conta de vários motivos, os quais estão narrados neste trabalho, mas seus ideais e sua crença no Deus Soberano e Gracioso trouxeram, por meio da Reforma teológica, doutrinária e eclesiástica de Wittenberg, um novo momento de transformação, esperança e modernidade em todas as esferas da sociedade europeia e do mundo. A Reforma Luterana trouxe à realidade a afirmação do princípio da educação universal e a formação de escolas populares destinadas às classes pobres, reformulando por completo a escola medieval e, garantindo, pela primeira vez e de uma vez por todas, a possibilidade de ascensão social.