Saúde mental de puérperas durante a pandemia de covid-19 no brasil: prevalência de sintomas clínicos de depressão e ansiedade, fatores de risco e experiências perinatais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Segamarchi, Paula Racca
Orientador(a): Osório, Ana Alexandra Caldas
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Presbiteriana Mackenzie
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://dspace.mackenzie.br/handle/10899/32279
Resumo: O período perinatal é caracterizado pela suscetibilidade para problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade. Alguns fatores implicados na etiologia dos transtornos psiquiátricos pós-parto já estão bem estabelecidos na literatura, como possuir histórico de problemas de saúde mental. No entanto, estudos têm mostrado que a pandemia de COVID-19 resultou em um aumento da incidência de sintomas psicológicos nessa população já por si vulnerável e discutido acerca de fatores de risco específicos do contexto pandêmico. Desta forma, esse trabalho teve como objetivo caracterizar a prevalência de níveis clínicos de sintomas de depressão e ansiedade em mulheres com bebês de até seis meses de idade que deram à luz durante a pandemia de COVID-19 no Brasil, além de caracterizar suas experiências perinatais e analisar o papel de potenciais fatores de risco relacionados ao impacto psicológico percebido por elas. Os resultados mostraram níveis clinicamente significativos de sintomatologia depressiva em 47.4% das participantes, e níveis moderados a severos de sintomatologia de ansiedade generalizada em 41.8% delas. Observou-se, ainda, comorbidade de sintomas de depressão e ansiedade em cerca de 1/3 das participantes, uma correlação positiva significativa entre os sintomas de depressão e ansiedade, uma associação significativa entre idade mais jovem da mãe e níveis potencialmente clínicos de depressão, além de que mais dias de vida do bebê estavam associados a ter níveis potencialmente clínicos de depressão e ansiedade. Quanto às experiências perinatais, mais de 60% das participantes relataram mudanças nos seus planos de parto, além de mudanças nas experiências/ cuidados pós-natais reportadas também por mais de 90% das puérperas, sendo o fato de não receber visitas após o parto a alteração mais apontada. Quanto aos potenciais fatores de risco, verificou-se que ter histórico de problemas de saúde mental aumentou em mais de duas vezes as chances de experienciar níveis elevados de sintomas de depressão e em mais de três vezes a probabilidade de sintomas significativos de ansiedade no período pós-parto durante a pandemia. Também se verificou que menor nível de escolaridade e maior número de mudanças reportadas nas experiências e cuidados pós-natais em resultado do contexto pandêmico foram preditores de níveis clínicos de depressão e ansiedade no período pós parto. Além disso, residir no estado de São Paulo e o número de casos confirmados de COVID-19 no estado de residência à data da participação também foram preditores marginalmente significativos de mais sintomas. Diante do exposto, fica clara a urgente necessidade de se desenvolver políticas de saúde pública adequadas e direccionadas para a saúde mental de mulheres brasileiras que passaram o seu período perinatal durante a pandemia.