Educação humanizadora e dificuldades de aprendizagem: o que nos revelam os discursos de professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Bispo, Silvana Alves da Silva lattes
Orientador(a): Vasconcelos, Maria Lucia Marcondes Carvalho lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Presbiteriana Mackenzie
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://dspace.mackenzie.br/handle/10899/25174
Resumo: O objetivo geral desta tese foi contribuir para a capacitação inicial e continuada de professores, afastando-os de julgamentos preconceituosos e equivocados sobre dificuldades de aprendizagem. Como objetivos específicos, elegemos: discutir conceitos de aprendizagem ede desenvolvimento e suas inter-relações; estabelecer distinções entre dificuldades e distúrbios de aprendizagem; problematizar questões pertinentes à formação e prática docente; e, analisar o conteúdo de discursos dos sujeitos da pesquisa sobre dificuldades e distúrbios de aprendizagem no âmbito dos anos iniciais do ensino fundamental. Para articular o referencial teórico, foram pesquisados, além de autores que já se pronunciaram sobre a temática, as teorias críticas comuns a Freire (1997; 2011a; 2011b; 2013a; 2013b; 2014), Vigostski (1998; 1996; 2007; 1995), Leontiev (1978a; 1978b; 1988), Glozman (2014) e outros, além de trabalhos cadastrados na base de dados do Scielo, mapeados pelos indexadores “dificuldade de aprendizagem”, “dificuldades de aprendizagem” e “fracasso escolar”, que possibilitaram um panorama do que foi publicado nas áreas de Educação, de Saúde e de Letras acerca do tema (neste último caso, nenhuma publicação específica foi encontrada). No lado empírico da investigação, nosso objeto de análise foram discursos de 14 professores dos anos iniciais do ensino fundamental que participaram do projeto de extensão “Formação Continuada de Professores: reflexão e ação a respeito da ampliação do ensino fundamental e prevenção/intervenção às dificuldades de aprendizagem”. Os dados foram coletados de duas maneiras: aplicação de questionário com roteiro temático estruturado, entregue e recolhido durante o curso, entre 2010 e 2011, e registros in loco de falas espontâneas em momentos de avaliação do curso. Para as análises, recorremos à metodologia da Análise de Conteúdo, nos moldes propostos por Bardin (1997). Constatamos, nos discursos dos sujeitos, representações de uma formação inicial incompleta ou marcada pelo descompasso entre teoria e prática. Esse sentimento de falta também se estendeu à ausência da família no acompanhamento das crianças e à falta ou insuficiência de ações institucionais que garantam profissionais “especialistas” para atender aos casos de não aprendizagem, que, em geral, esses sujeitos situam no âmbito dos distúrbios e, portanto, em suas percepções, fora do campo de atuação do professor. Disso decorre um quase silenciamento de possíveis falhas no plano da ensinagem e a consequente autodesculpabilização por fracassos do aluno. Outro dado relevante é que, mesmo conhecendo definições (técnicas) de “dificuldade” e “distúrbio”, os sujeitos não revelam domínio dos respectivos conceitos nem da extensão do problema em situações concretas de ensino. Acrescente-se que também é praticamente silenciado o lado humanizador da educação, em favor de um discurso neoliberal de eficácia, muito próximo ao que caracteriza as avaliações institucionais em curso no país e no mundo. Posto isso, ficou nítida a necessidade de uma formação e prática docente humanizadora, que é o que propomos como enfrentamento do problema: uma formação que dê conta de pensar o problema relacionado às dificuldades de aprendizagem por outro viés que não seja o da patologização, mas pelo entendimento de que o outro “pode ser mais”, como sempre defendeu Freire.