Canto de intervenção em Portugal: "o povo é quem mais ordena”

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Arruda, Ludmila Jones lattes
Orientador(a): Brito, Regina Helena Pires de lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Presbiteriana Mackenzie
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://dspace.mackenzie.br/handle/10899/25180
Resumo: Entre 1933 e 1974, o Estado Novo, regime opressor e autoritário iniciado com António de Oliveira Salazar, trouxe consequências desastrosas para Portugal, agravadas com o início da Guerra Colonial em 1961. Essa situação acarretou inúmeros protestos, desde reuniões, encontros acadêmicos, grupos ativistas, produções literárias até canções de intervenção que denunciavam a política e revelavam a luta, a insatisfação e o descontentamento popular – aspectos de destaque na presente pesquisa. Inserido no âmbito dos Estudos Lusófonos, o presente estudo propõe investigar elementos linguístico e poéticos presentes em canções de intervenção portuguesa compostas no período pré e pós Revolução dos Cravos. Recorre-se, para tratar dos aspectos históricos do Estado Novo, em especial sobre a atuação do governo e as ações da polícia que reprimiram a circulação de obras e a difusão de canções contrárias ao ideário salazarista, aos estudos de Meneses (2011), Rosas (2013) e Pimentel (2007, 2011). Para a seleção das canções que compõem o corpus analisado, procedeu-se a uma série de entrevistas com ativistas que reagiram às imposições da censura naquela época: os cantores José Letria – hoje escritor e jornalista – Sérgio Godinho e Francisco Fanhais e os acadêmicos Fernando Rosas, António Borges Coelho e Pedro Calafate, que contribuíram com informações e indicações de canções que significativas no período final do Estado Novo. Neste aspecto, lidando com a questão da memória, foi importante o aporte teórico de Halbwachs (2013), Le Goff (1996), Traverso (2009). Para a escolha das sete canções - Grândola Vila Morena, Menina dos Olhos Tristes, Vampiros, O Menino do Bairro Negro, de Zeca Afonso, e Cantar da Emigração e Trova do Vento que Passa, de Adriano Correia de Oliveira, e por fim, Liberdade, de Sérgio Godinho - considerou-se, também, o sucesso da canção, mensurado pela ação da censura e pela popularidade alcançada por cantores como Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira. No esteio de alguns pesquisadores como Raposo (2000) e Letria (1999, 2013) para a parte analítica, foi possível traçar elementos reveladores da importância das canções resgatadas para a (re)construção identitária dos portugueses. Além disso, possibilitou perceber como as mensagens permanecem latentes na sociedade portuguesa nos dias atuais – como se pôde verificar com as manifestações da recente crise econômica europeia, quando algumas dessas canções voltaram a ser entoadas, revestidas de novo valor simbólico, mas resgatando o tom de denúncia e protesto, tendo seu conteúdo ressemantizado e atualizado.