Análise semiótica do discurso sobre a linguagem neutra

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Sá, Aurora Viana de
Orientador(a): Bueno, Alexandre Marcelo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Presbiteriana Mackenzie
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://dspace.mackenzie.br/handle/10899/30657
Resumo: A língua é uma das principais ferramentas que usamos para construir as nossas identidades, das mais individuais às mais coletivas. Entretanto, ela também é uma ferramenta de opressão pela qual os discursos intolerantes e preconceituosos são criados e se manifestam. Em uma crescente polarização política e identitária, a última meia década (com especial foco nos anos de 2018 em diante) foi marcada por grandes e intensas discussões e debates sobre inclusão e direitos LGBTQIA+, tanto na sociedade quanto na língua, no Brasil e no mundo. Um desses temas bastante discutidos, que vem sendo usado como uma ferramenta motivadora do preconceito e da intolerância por diversos grupos, é a linguagem neutra. Com a proposta de diminuir o sexismo linguístico e tornar possível a inclusão daquelas pessoas que não se identificam dentro do espectro binário de gênero, hoje encontra muitas barreiras de adesão na sociedade e vem sendo muito criticada. Dentro da esfera pública, o Estado também busca sancionar, punir e censurar o uso da linguagem neutra e os seus falantes por meio de leis proibitórias. Nesta dissertação, analisamos como a intolerância linguística se comporta e como as relações entre Estado, sociedade, políticos, linguistas e linguagem neutra ocorrem atualmente. A partir disso, nosso objetivo é analisar textos contrários à linguagem neutra para identificar traços de preconceito e de intolerância linguísticos. O corpus desta pesquisa é composto por dois grupos de textos. O primeiro é formado por discursos de opinião veiculados em jornais e revistas on line brasileiras e em tabloides, gazetas e colunas cujos conteúdos estejam relacionados à linguagem neutra. Esse primeiro grupo foi selecionado para vermos e analisarmos como ocorre a discussão em relação à linguagem neutra no Brasil atualmente. O segundo grupo é formado por discursos jurídicos e legislativos do governo brasileiro como os projetos de lei (PLs) e leis publicados nas assembleias legislativas e nas câmaras municipais de várias regiões do país. Todos os PLs e leis selecionados para o presente trabalho foram desenvolvidos nos últimos anos e buscam censurar e sancionar a linguagem neutra de alguma forma. Por isso, no segundo grupo, buscamos analisar, com a ajuda da semiótica de linha francesa e da sociossemiótica, se esses PLs se constituem como discursos intolerantes, como eles se estruturam e o que eles querem dizer. Dessa forma, para a análise deste trabalho, usou-se como fundamentação teórica para esta pesquisa a semiótica discursiva de linha francesa, em especial os trabalhos de Greimas, Barros, Fiorin e Landowski, devido às suas contribuições para a semiótica, para a pesquisa sobre o discurso intolerante e preconceituoso e para o estudo sociossemiótico sobre identidade e alteridade. Também fizemos uso, como apoio teórico para a análise, de estudos e trabalhos sobre norma e preconceito linguístico de autores como Bagno, Faraco e Zilles e estudos sobre preconceito e linguística. Esperamos, assim, contribuir para os debates a respeito da linguagem neutra e seus correlatos por meio de um posicionamento científico sem desconsiderar o reconhecimento às causas sociais e políticas ligadas à linguagem.