Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Souza, Rayra Santos de |
Orientador(a): |
Teixeira, Maria Cristina Triguero Veloz |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://dspace.mackenzie.br/handle/10899/38759
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Resumo: |
As medidas adotadas para diminuir as taxas de contágio da COVID-19, como a suspensão de aulas presenciais impactou negativamente a saúde mental infantil. No Brasil, assim como em outros países, os problemas emocionais e comportamentais (PEC) infantis tiveram um impacto negativo no ajustamento social e comportamental no retorno às aulas. Contudo, ainda são escassos estudos utilizando múltiplos informantes para avaliar os PEC de crianças brasileiras na fase de reabertura das escolas. Neste contexto, o retorno às aulas presenciais em 2022 foi desafiador para professores e alunos, sendo necessário dar suporte aos professores para o manejo adequado dos PEC das crianças nas salas de aula. Programas de treinamento de professores baseados na Análise Aplicada do Comportamento (Applied Behavior Analysis – ABA) realizados antes da pandemia mostraram resultados positivos na melhora de PEC na infância, embora a maioria dos estudos tenham priorizado professores de alunos com desenvolvimento atípico. Esta dissertação foi dividida em dois estudos cujos objetivos gerais foram: a) avaliar PEC de crianças brasileiras no retorno às aulas presenciais a partir de múltiplos informantes, investigando possíveis diferenças de acordo com o sexo da criança e o nível de escolaridade dos pais (estudo 1); e b) implementar e verificar os efeitos de um programa de treinamento de professores baseado na ABA para a promoção de comportamentos pró-sociais e melhora de PEC de alunos no retorno presencial às aulas durante a pandemia da COVID-19 (estudo 2). O estudo 1 adotou um desenho descritivo e correlacional e teve como amostra 583 pais/responsáveis e 37 professores de 2º e 3º ano do ensino fundamental público brasileiro (52,1% meninas, média de idade: 7,83, dp: 0,71). Os instrumentos foram o Questionário de Pontos Fortes e Dificuldades e questionários sociodemográficos (Strengths and Difficulties Questionnaire – SDQ, versão para pais e professores) para avaliar indicadores de PEC e questionários para avaliação de dados sociodemográficos (pais). Foram encontradas correlações positivas entre os informantes em todas as escalas do SDQ, porém os pais relataram significativamente mais problemas emocionais (p < 0,001), problemas de conduta (p < 0,001), hiperatividade (p < 0,001) e problemas com colegas (p < 0,001) do que os professores. Pais (p=0,043) e professores (p=0,002) reportaram maior pontuação total do SDQ nos meninos do que nas meninas. Os pais com menor escolaridade relataram mais problemas de conduta (p=0,012) e maior pontuação total no SDQ (p=0,019) em comparação aos pais com maior escolaridade. As correlações positivas sobre PEC encontradas entre pais e professores na fase de reabertura das escolas corrobora com estudos realizados antes da pandemia. Na amostra investigada, meninos e crianças de famílias com menor escolaridade apresentaram mais PEC do que seus pares. Tais resultados indicam a necessidade do desenvolvimento de estratégias de intervenção e políticas públicas para mitigar as dificuldades emocionais e comportamentais das crianças no contexto pós-pandemia. O estudo 2 adotou um desenho quase-experimental, utilizando grupo experimental (GE) e grupo controle ativo (GC). O treinamento de professores baseado na ABA foi implementado no GE de forma remota por meio de videoaulas e encontros online abordando estratégias de manejo comportamental, como análise funcional do comportamento, regras e reforçamento diferencial. O GC recebeu uma intervenção alternativa sobre estratégias de leitura, também realizada de forma remota. A amostra foi composta por 348 pais/responsáveis de alunos do 2º e 3º ano do ensino fundamental e seus 37 professores, divididos em GC e GE. Além dos instrumentos que compuseram o estudo 1, no estudo 2 também foram utilizados checklists de monitoramento das estratégias usadas pelos professores. Os pais do GE perceberam significativa diminuição de problemas de conduta (p=0.046) e hiperatividade (p=0.039), enquanto os professores reportaram redução de hiperatividade (p=0.007) e problemas emocionais (p=0.043) na fase pós-intervenção, sendo que quanto maior o uso das estratégias de manejo comportamental pelos professores, menor a ocorrência de PEC em todas as escalas de problemas do SDQ, principalmente nas escalas de problemas emocionais r= -0.32) e no escore total (r= -0.31). No GC não foram observadas reduções significativas de PEC. Tais resultados indicam que o treinamento de professores baseado na ABA realizado de forma online é uma intervenção de baixo custo que produziu efeitos positivos na promoção da saúde mental dos alunos, incluindo a redução de PEC e a melhora do comportamento pró-social dos alunos. |