Caracterização da tríade exposição-gene-doença: impacto dos desreguladores endócrinos no microambiente prostático

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Gorzoni, Ana Beatriz Ratto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Oeste Paulista
Doutorado em Fisiopatologia e Saúde Animal
Brasil
UNOESTE
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://bdtd.unoeste.br:8080/jspui/handle/jspui/1702
Resumo: Os desreguladores endócrinos (DEs) são substâncias químicas amplamente distribuídas no ambiente, reconhecidas por sua capacidade de imitar ou inibir a ação de hormônios naturais, com consequências adversas à saúde. A próstata, um órgão hormônio-responsivo, demonstra vulnerabilidade à exposição desses compostos, tornando crucial a investigação de seus efeitos em condições de exposição prolongada. Neste contexto, a presente pesquisa explorou os impactos da exposição aos DEs no microambiente prostático por meio de dois estudos complementares. O primeiro estudo, uma revisão sistemática com metanálise, avaliou a influência da exposição perinatal ao BPA sobre a incidência de lesões pré-neoplásicas na próstata de ratos, com base em quatro estudos pré-clínicos. Os resultados indicaram que o lobo lateral da próstata é particularmente sensível à indução de neoplasia intraepitelial prostática (PIN), especialmente após doses baixas de BPA (0,1 a 2,5 µg/kg), sugerindo uma resposta não monotônica. A metanálise mostrou um Odds Ratio combinado de 20,25, indicando um risco elevado de lesões prostáticas em animais expostos ao BPA perinatalmente, especialmente sob estímulo hormonal na fase adulta. No segundo estudo, foi analisada a exposição contínua a uma mistura de 12 DEs, desde o período gestacional até a fase adulta (dia pós-natal 220), em ratos Sprague-Dawley. As análises histológicas revelaram a presença de lesões prostáticas significativas, incluindo neoplasia intraepitelial prostática de baixo grau (LGPIN). A nível molecular, observou-se alteração do perfil transcricional, com enriquecimento de vias relacionadas ao splicing de RNA, dobramento proteico, transporte núcleo-citoplasmático e resposta imunológica, refletindo mecanismos adaptativos ao estresse ambiental e processos favorecendo proliferação celular desregulada. A análise de sobrevida destacou que os genes ARCN1, CD55, CRIP2 e MFSD4A estão associados a um pior prognóstico em pacientes com câncer de próstata, sugerindo seu potencial como biomarcadores de progressão tumoral. Em conclusão, os achados dos dois estudos oferecem evidências convincentes de que a exposição prolongada a DEs, particularmente durante períodos críticos de desenvolvimento, compromete a homeostase prostática, favorecendo a formação de lesões pré-cancerígenas e aumentando o risco de progressão para câncer de próstata.