Fatores associados ao tempo de acesso para o tratamento do câncer de mama no Distrito Federal, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Barros, Ângela Ferreira [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/148960
Resumo: O objetivo geral deste estudo foi verificar os fatores socioeconômicos, clínicos e relacionados à organização dos serviços associados ao tempo para acesso aos tratamentos do câncer de mama. Foi realizado um estudo de coorte com 600 mulheres com diagnóstico de câncer de mama internadas para tratamento clínico e/ou cirúrgico dessa doença que realizaram o primeiro tratamento em nove hospitais públicos do Distrito Federal. Não foram incluídos casos prevalentes de câncer de mama e casos que apresentavam doença metastática identificada em exames de estadiamento antes do início do tratamento. Todas as participantes foram entrevistadas entre setembro de 2012 e setembro de 2014. Os dados clínicos foram preenchidos com dados do prontuário. Em um segundo momento, realizou-se nova revisão do prontuário e/ou contato telefônico para obter informações sobre os tratamentos após a cirurgia e evolução clínica. O seguimento das mulheres ocorreu até fevereiro de 2016. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal pelo parecer nº 99.313. As mulheres apresentavam, em média, 53,3 anos (± 12,5) ao diagnóstico e a maioria se declarou com a cor da pele parda (46,4%), referiu ter em média 7,9 anos de estudo (± 4,6), renda familiar média de R$ 2.079,01 (± R$ 2.489,23), residir no Distrito Federal (65,8%). Dentre as mulheres que buscaram os serviços de saúde a partir da autoidentificação dos sintomas sugestivos de câncer de mama, o intervalo de tempo entre o início do sintoma e a primeira consulta apresentou mediana de 39 dias (intervalo interquartílico: 14-123 dias). Na análise multivariada, esse intervalo de tempo > 90 dias apresentou associação estatisticamente significativa com anos de estudo (OR: 0,95; IC 95%: 0,91-0,99), não realização de mamografia e/ou ultrassonografia mamária nos dois anos anteriores ao diagnóstico de câncer de mama (OR: 1,95; IC 95%: 1,25-3,03) e estadiamento mais avançado (OR: 1,74; IC 95%: 1,10-2,75). Em relação ao itinerário terapêutico percorrido nos serviços de saúde e o intervalo de tempo entre a primeira consulta e o início do tratamento (mediana 160 dias), verificou-se que esse período foi maior entre mulheres com a cor da pele parda ou negra (p<0,001), menor escolaridade (p=0,001), menor renda familiar (p=0,045); que realizaram a primeira consulta na atenção primária quando comparado às que realizaram em serviços de saúde suplementar (p<0,001); e aquelas atendidas em mais de dois serviços de saúde (p=0,003). A implementação do agendamento de consulta com especialista, através da regulação assistencial, proporcionou redução do tempo para início do tratamento (p<0,001). Em relação à evolução clínica da doença, após um seguimento médio de 30,6 meses, não se observou associação estatisticamente significativa da recidiva do câncer de mama com os intervalos de tempo estudados. Conclui-se que os intervalos de tempo para acesso aos serviços de saúde para diagnóstico e tratamento do câncer de mama no Distrito Federal foram associados a características socioeconômicas, clínicas e relacionados à organização dos serviços, porém não apresentaram associação com a evolução clínica da doença.