Caracterização molecular de genes de resistência a cefalosporinas de espectro estendido em Escherichia coli isoladas de frango e carnes de frango

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Casella, Tiago [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/144719
Resumo: A resistência a cefalosporinas de espectro estendido (ESC) mediada pela produção de β-lactamases de espectro estendido (ESBL) por Enterobacteriaceae é um problema de saúde pública global. Neste contexto, o aumento da resistência a ESC entre Escherichia coli isoladas de animais de produção é uma questão importante, uma vez que bactérias comensais de animais de produção podem contaminar os produtos alimentícios e chegar ao intestino humano via cadeia alimentar. O Brasil é um importante produtor e o maior exportador de carne de frango no mundo. Assim, é de extrema importância monitorar a presença dessas bactérias neste setor alimentar. No presente estudo, foi realizada uma comparação do genótipo de resistência a ESC em E. coli isoladas a partir de carnes de frango no Brasil e na França, considerando que não há relação comercial de carne de frango entre esses dois países. Esta abordagem pode ser útil para compreender as dinâmicas dos fatores de resistência na cadeia de produção de frangos. Além disso, linhagens isoladas do trato gastrointestinal de frangos no Brasil foram também estudadas. Para isso, amostras de carnes de frango de diferentes pontos do varejo e swabs de cloaca de frangos de três diferentes fazendas foram coletadas no Estado de São Paulo, Brasil. Também, amostras de carnes de frango de diferentes pontos do varejo de Lyon, França, foram amostradas. As amostras de carne e os swabs de cloaca de frangos foram inoculados em ágar MacConkey acrescido com ESC. As colônias foram identificadas por sistema automatizado, e a suscetibilidade aos antimicrobianos foi testada por disco-difusão. PCR para detecção de genes blaESBL e blapAmpC e para a determinação dos grupos filogenéticos de E. coli foram realizadas. Os genes bla foram sequenciados e os plasmídeos foram caracterizados pelo esquema PBRT e por southern blot/hibridação de géis de PFGE-S1. Quase todas as carnes de frango apresentaram, ao menos, uma linhagem de E. coli resistente a ESC, e 53,8% dos frangos analisados também estavam colonizados por E. coli resistente a ESC. Resistência a aminoglicosídeos, fenicóis, quinolonas, sulfonamidas, tetraciclina e trimetoprim também foi detectada. Um total de 60 linhagens isoladas de amostras do Brasil foram estudadas, e o gene blaCTX-M-2 foi o principal responsável pela resistência a ESC, mas blaCTX-M-55, blaCMY-2, blaCTX-M-15 e blaCTX-M-8 também foram detectados. De 77 linhagens isoladas de amostras de carne de frango da França, o gene blaCTX-M-1 foi o principal responsável pela resistência a ESC, mas blaTEM-52, blaCMY-2 e blaSHV-12 também foram detectados. A maioria dos blaCTX-M-2 estão associados à ISCR1 e a integrons complexos de classe 1, e blaCTX-M-1, blaCTX-M-15, blaCTX-M-55, e os oito blaCMY-2 do Brasil estão precedidos pela ISEcp1. O gene blaCTX-M-8 está associado à IS10. Nas amostras do Brasil, um gene blaCTX-M-2 é carreado por um plasmídeo IncHI2/P, blaCTX-M-8 por um plasmídeo IncI1, um gene blaCTX-M-15 por um plasmídeo IncX1, e os genes blaCTX-M-55 por plasmídeos IncFII ou IncN/FII. Nas amostras de carnes de frango da França, os genes blaCTX-M-1 são carreados por plasmídeos IncI1 ou IncFII, blaTEM-52 por plasmídeos IncI1 ou IncX1, blaCMY-2 por plasmídeos IncA/C ou IncK, e o gene blaSHV-12 por um plasmídeo IncI1. Todos os quatro principais grupos filogenéticos de E. coli (A, B1, B2, D) foram detectados, porém o filogrupo D foi predominante entre as linhagens do Brasil, e os filogrupos D, A e B1 foram igualmente distribuídos nas linhagens recuperadas na França. Em resumo, E. coli presentes na cadeia de produção de frangos carreiam genes de ESBL e de AmpC plasmideal, e genes, plasmídeos e linhagens resistentes a antimicrobianos parecem ser específicos em cada região geográfica.