A didática na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (1944 -1965): contribuições para a constituição de um campo de conhecimento

• Ano de defesa: 2022
• Autor(a) principal: Reis, Karina Cássia Oliveira
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
• Palavras-chave em Português: Educação; História das disciplinas escolares e acadêmica; Didática; Campo de conhecimento; Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos; Education; History of school and academic subjects; Didactics; Knowledge field
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/217456

O objetivo principal é analisar a Didática como campo de conhecimento, disciplina escolar e ensino acadêmico mediante os discursos produzidos na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos entre 1944 e 1965. Para tanto, adota-se os referenciais teórico-metodológicos e as práticas historiográficas do campo da História da Educação, particularmente as reflexões sobre história das disciplinas escolares e acadêmicas. Diante disso, foi desenvolvida uma pesquisa histórica, quanto à abordagem, e documental e bibliográfica, quanto às fontes. Ressalta-se que a Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos entre 1944-1965 é a fonte primária e corpus documental principal dessa investigação e as revistas Educação (1931-1932), Revista de Educação (1933-1944) e Educação (1945-1961) e Ande (1980) são fontes secundárias, bem como, enunciados em jornais da época. Ainda, foram elencados os seguintes objetivos específicos: compreender a produção impressa em livros, teses de doutorado, dissertações de mestrado e artigos científicos sobre a Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, situando seus campos de conhecimentos envolvidos e tematizações; analisar os aspectos referentes à materialidade da revista: breve história do periódico, periodicidade, aspectos tipográficos, tematizações e biografias dos colaboradores que contribuíram para discussão sobre Didática na RBEP; situar a produção da Didática na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos entre 1944 e 1965 à luz dos estudos de Michel de Certeau e Pierre Bourdieu; recuperar elementos que teriam embasado as discussões em fóruns de discussão sobre Didática na perspectiva da práxis docente, nas décadas de 1970 e 1980, momento de entusiasmo político, social e educacional de reabertura democrática; contribuir para uma História da Didática, das Disciplinas Escolares e Acadêmicas no Brasil, a partir das representações (CHARTIER, 1990) “lidas” na RBEP; e, contribuir para uma História da Formação de Professores no Brasil. À vista disso, no primeiro momento, a busca foi por reunir os principais estudos que elegeram a RBEP como objeto de pesquisa e com isso selecionar e situar a análise em relação aos outros projetos de campos diversos. Após isso, tratou-se de reunir as principais contribuições por meio de artigos, livros, bem como, outros documentos com o propósito de colher materiais para situar historicamente o lugar de problematização da Didática tomada como uma questão das técnicas de ensino. Em virtude desse recorte, foi necessário lançar um olhar sobre a recuperação da Didática, para além da data limite da pesquisa, 1964, nos fóruns de debate na efervescência da abertura democrática da década de 1980, em busca de recuperar antecedentes da Didática, centralmente nessas décadas que delimitam o recorte da pesquisa – 1944-1965 –, os quais teriam embasado tal debate da década de 1980. Posteriormente, a análise retrocedeu a dois períodos da existência da RBEP: primeiro, entre 1944 e 1951 por ocasião de sua fundação e direção do pensador Lourenço Filho, intensamente marcado pelas reformas e políticas do Estado Novo, e, segundo, entre 1952 e 1964/1965 no contexto turbulento da supervisão de Anísio Teixeira, sob o qual o Brasil viveu um período político da ditadura militar que coloca em ação uma série de medidas para reforma do sistema educacional, especialmente, a chamada Reforma Universitária cujo legado é o fim das cátedras – uma contextura que se traduz como a fragmentação da Didática (GARCIA, 2000) e o predomínio das tradições acadêmicas (VIÑAO, 2008), processo este de cientificização.