Florestas tropicais pluviais montanas do sul do Equador: fatores condicionantes da estrutura, composição e dinâmica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Yaguana Puglla, Celso Anibal
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/202357
Resumo: Florestas tropicais ocorrem em diferentes continentes entre os trópicos, em regiões onde as chuvas são suficientes para sustentar a elevada biomassa da vegetação. Embora essas florestas sejam semelhantes entre si globalmente em alguns atributos e processos ecológicos, fatores atuantes em escala local fazem com que existam grandes diferenças estruturais, taxonômicas e no funcionamento, mesmo entre florestas relativamente próximas. As florestas pluviais montanas do sul do Equador ocorrem em ambientes distintos pelo relevo, clima e solos, cuja influência sobre a estrutura, composição e dinâmica é pouco compreendida. Conhecer essas florestas tropicais e compreender o seu funcionamento é desejável para planejar sua conservação e uso sustentável. Nesta pesquisa, estudamos as florestas pluviais do sul do Equador em seis diferentes sítios para compreender a possível influência dos diferentes fatores ambientais sobre sua composição e estrutura e sobre mudanças nos atributos das comunidades arbóreas ao longo do tempo. As florestas estudadas receberam as seguintes denominações: Numbala, Tapichalaca, San Francisco, Nangaritza Rio, Nangaritza Tepui e Padmi, localizadas na província de Zamora Chinchipe, situadas ao redor de 4° de latitude Sul. No primeiro censo em cada local, foi instalada e inventariada uma parcela permanente com área de um hectare, subdividida em 25 subparcelas de 400 m2. Em cada subparcela, identificamos, medimos o diâmetro e estimamos a altura de todas as árvores a partir de 10 cm de DAP. Após um período de tempo de pelo menos 10 anos, realizamos o segundo inventário. Em busca dos fatores que poderiam influenciar a estrutura, a composição e a dinâmica das comunidades estudadas, coletamos dados de i) solos: profundidade, textura, pH, MO (%), macronutrientes (N, P2O5 e K2O) micronutrientes (Ca, Mg, Fe e Al) e CTC, ii) clima: precipitação, temperatura, evapotranspiração e iii) altitude e declividade. No Capítulo 1, comparamos as seis florestas pela sua composição e estrutura, buscando explicar as diferenças com base nos fatores ambientais analisados. Verificamos que as florestas pluviais do sul do Equador possuem elevada diversidade de espécies arbóreas e apresentam diferenças muito amplas entre si, com pequena proporção de espécies em comum e descritores de estrutura que chegam a ter o dobro do valor entre duas florestas em alguns casos. Essas diferenças são, em parte, influenciadas por fatores ambientais, mas nenhuma variável ambiental, isolada, exerceu efeito significativo sobre a composição ou estrutura das florestas tropicais montanas do sul do Equador. A influência dos fatores ambientais foi um pouco mais forte sobre a estrutura do que sobre a composição das comunidades. Fatores edáficos, especialmente a profundidade do solo, influenciaram a área basal e a altura do dossel, enquanto clima e altitude influenciaram mais a composição florística. Não encontramos a esperada influência da altitude na construção das comunidades na escala geográfica deste estudo. No Capítulo 2, exploramos os processos de dinâmica dessas florestas, caracterizando as mudanças na sua composição de espécies arbóreas, em área basal e densidade, nas taxas de recrutamento, mortalidade e no incremento diamétrico médio anual das árvores. Verificamos que existem diferenças substanciais entre essas florestas no que diz respeito às mudanças temporais que ocorreram em sua estrutura e composição. As mudanças na composição foram sutis, com apenas algumas espécies (geralmente menos de 10% entre as 40 mais abundantes) apresentando mudanças significativas no tamanho de suas populações nos intervalos de tempo considerados. O número de espécies que entraram e saíram nas comunidades foi altamente variável entre locais, mas sempre foram espécies com poucos indivíduos. A riqueza de espécies aumentou sutilmente em apenas uma das áreas, havendo tendência geral de perda de riqueza ao longo do tempo. Não encontramos padrão consistente entre as florestas estudadas quanto às mudanças em densidade e área basal, já que houve aumento em algumas florestas e diminuição em outras. Também não encontramos explicação consistente para as mudanças temporais na estrutura com base nos fatores ambientais, o que indica que eventos estocásticos e fatores bióticos podem ser os direcionadores da dinâmica dessas florestas. Nosso estudo aponta para a inexistência (ou fraqueza) de determinismo ambiental na estrutura, na composição e na dinâmica das florestas tropicais montanas do sul do Equador. As amplas diferenças entre as florestas estudadas e a imprevisibilidade das mudanças que podem ocorrer ao longo do tempo dificultam ações planejadas para a sua conservação. Nossos resultados apontam para a necessidade de buscar representar, em uma rede de áreas protegidas, toda a complexidade de condições ambientais existentes nessa região e para a certeza de que a conversão de novas áreas certamente resultará em perda irreversível de biodiversidade.