Interações multitróficas: o efeito de formigas, besouros e mariposas sobre a reprodução e a morfologia floral de Tocoyena formosa (Rubiaceae)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Veiga, Priscila Andre Sanz [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/141900
Resumo: Polinizadores são tidos como os principais agentes seletivos da morfologia floral. Tocoyena formosa (Rubiaceae) é uma espécie esfingófila, autoincompatível, completamente dependente de mariposas com probóscide longa para sua reprodução sexuada. A presença de variação interindividual na morfologia floral sugere que o comprimento do tubo da corola pode estar sujeito à seleção natural imposta por polinizadores. Entretanto, sua reprodução também é afetada pela atividade de predadores de sementes pré-dispersão. Por outro lado, os frutos em desenvolvimento possuem nectários pós-florais pericárpicos (NPP) que atraem formigas, cuja interação mutualística deve mitigar a atividade dos predadores de sementes. Logo, o resultado da pressão seletiva imposta pelos polinizadores através do componente materno do fitness pode depender do efeito mútuo de antagonistas e formigas. Nesse contexto, para testar se formigas associadas aos NPPs de T. formosa conferem proteção aos frutos e sementes em desenvolvimento, e se predadores de sementes e formigas interferem no resultado da seleção imposta pelos polinizadores, nós realizamos experimentos de exclusão para avaliar o efeito de cada interagente sobre o êxito reprodutivo feminino (ERF) de T. formosa. Através de análise de caminhos e modelagem de equações estruturais determinamos a importância simultânea dos caracteres florais, mutualistas e antagonistas para o ERF da planta, e estimamos a ocorrência de seleção natural sobre o comprimento do tubo da corola. As formigas associadas aos NPPs não conferiram proteção aos frutos e sementes em desenvolvimento contra os principais predadores de sementes. Nem a abundância dos NPPs, tampouco a composição da fauna de formigas influenciaram no resultado da interação. Apesar dos predadores de sementes pré-dispersão terem tido um efeito negativo sobre o ERF através da diminuição do número de sementes por fruto, eles não influenciaram nem na direção, tampouco na magnitude da seleção fenotípica imposta pelos polinizadores sobre a morfologia floral. Provavelmente, a elevada frequência de visitas dos esfingídeos e a efetividade do serviço de polinização compensaram os efeitos negativos dos predadores de sementes sobre a reprodução de T. formosa. A natureza do sistema de polinização, no qual o pólen é transportado em massas que formam uma unidade discreta que se adere à probóscide dos polinizadores favorece a transferência de pólen entre flores cujo comprimento do tubo da corola é igual ou maior do que o da flor doadora. Dessa forma, plantas com tubos florais longos atuam principalmente como receptoras de pólen, podendo formar proporcionalmente mais frutos do que plantas com tubos curtos. Por sua vez, flores com tubo curto atuam principalmente como doadoras de pólen, sendo favorecidas, provavelmente, via êxito reprodutivo masculino. Logo, o efeito líquido da seleção fenotípica mediada por polinizadores sobre o comprimento do tubo floral, também pode depender da direção e magnitude das pressões seletivas atuando mutuamente sobre os dois componentes do êxito reprodutivo. Além de trazer evidências de que os polinizadores atuam como os principais agentes seletivos da morfologia floral via ERF, o nosso estudo também destaca a importância da elevada efetividade do serviço de polinização para a reprodução de Tocoyena formosa.