Manejo florestal no Domínio da Caatinga: caminhos e conhecimentos para a sustentabilidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Lucena, Marcelo Silva de [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/216964
Resumo: O manejo florestal sustentável (MFS) é uma concepção sobre a exploração florestal que possui objetivos econômicos, sociais e ambientais abrangentes. Além de satisfazer as necessidades que as sociedades têm de bens e serviços florestais, com a aplicação do MFS também se quer garantir a conservação florestal, por meio do manejo racional da sua capacidade regenerativa, para assegurar que gerações futuras também desfrutem das florestas e seus benefícios. Entretanto, sob a perspectiva teórica dos discursos, o MFS assume o caráter de um conceito contestado. Isto é, ele pode ser entendido como ideias, conceitos e classificações que variam conforme mudam as interpretações sobre os recursos florestais, sua utilidade e as formas de manejo. A possibilidade da construção de discursos sobre o MFS tem sido fundamental para a proposição de diferentes caminhos para a sustentabilidade do manejo e dos recursos florestais. Neste contexto, no Domínio da Caatinga (DC), diferentes experiências históricas apontam para a proposição de diferentes discursos sobre o MFS. Contudo, dada a grande variabilidade social, fundiária, ambiental, econômica e socioecológica que ocorre nessa região, há pouca compreensão sobre como estes discursos abordam diferentes aspectos da sustentabilidade e quais são as suas principais, narrativas e argumentos. Ao mesmo tempo, a sustentabilidade ambiental do manejo de florestas nativas requer o conhecimento das condições que propiciam a manutenção da capacidade produtiva dos povoamentos explorados. Isto significa compreender, por exemplo, como a variação local de fatores ambientais e do uso antrópico das áreas manejadas influencia a produtividade e a recuperação dos estoques lenhosos após o corte. Assim, temos como objetivos a) caracterizar as principais ideias, conceitos e narrativas que têm sido propostas pelos discursos sobre o MFS do DC e b) avaliar como a recuperação da biomassa lenhosa é influenciada pela variação local de atributos edáficos, da paisagem, do pastejo de gado doméstico, de distúrbios antrópicos crônicos e da precipitação. Quanto ao primeiro objetivo, fizemos uma análise qualitativa com base na abordagem dos caminhos para a sustentabilidade e na perspectiva teórico do discurso e constatamos a existência de três principais discursos sobre o MFS: 1) MFS bioenergético; 2) MFS silvipastoril; 3) MFS não madeireiro. Muitas das suas ideias são comuns, mas eles abordam os aspectos da sustentabilidade, principalmente, em função dos objetivos que cada um propõe justificar e da compreensão que eles têm do sistema socioecológico. Quanto ao segundo objetivo, coletamos dados em 7 unidades de produção anual e usamos modelos lineares para entender os padrões de recuperação da área basal após o corte e constatamos que a variação do incremento em área basal foi melhor explicada pela profundidade dos solos e por medidas indiretas representativas de usos antrópicos. Mesmo parcelas que possuíam maior de tempo de recuperação e mais precipitação acumulada tiveram significativamente menores incrementos em área basal por estarem situadas em solos menos profundos e com maior intensidade de distúrbios antrópicos. Entretanto, pesquisas futuras são necessárias para compreender a influência que atributos relacionados à capacidade de retenção e disponibilidade hídrica do solo têm sobre a recuperação da biomassa lenhosa após talhadia simples.