O tempo livre como palimpsesto do tempo de trabalho: temporalidade e ideologia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Rodrigues, Marcelo Gonçalves [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/141448
Resumo: Este trabalho tem como objetivo realizar uma análise teórica da temporalidade no capitalismo tardio com vistas a aprofundar os usos da temporalidade como ideologia. Essa análise se complementa com um estudo empírico cujo propósito é compreender os usos do tempo livre do professor universitário e os impactos na dimensão temporal do seu trabalho frente às tecnologias digitais e a aceleração dos processos materiais. O estudo empírico consistiu em entrevistas que se realizaram com dois professores do ensino superior de uma Universidade Pública no interior do Estado de São Paulo. A orientação teórico-metodológica para a execução do trabalho foi prioritariamente regida pela Teoria Crítica da Sociedade, ancorada pela sua primeira geração de pensadores – Theodor Adorno, Max Horkheimer, Walter Benjamin e Herbert Marcuse. Em princípios teóricos, o termo temporalidade se refere à modalidade típica de vivência-experiência temporal humana, mediada pela forma da ordem social e pelas tecnologias que regulam e alteram nossa percepção espaço-temporal ao fomentarem a sensação de compactação e aceleração dos processos constitutivos da materialidade e da subjetividade. A partir da investigação empírica, concluímos que a heteronomia dos centros de pesquisa e ensino aprofundou características da chamada universidade operacional, como ressonância do aceleramento dos sistemas de vida na sociedade capitalista. A consolidação desse modelo de universidade cria barreiras para que o professor não exerça com autonomia aquilo para o qual essencialmente é designado: ensinar com tempo disponível, pesquisar, fazer extensão, e principalmente, sem prejudicar seu tempo livre. Admitimos todas essas problemáticas de ordem estrutural produtiva, ética e política, a partir do eixo da temporalidade, da análise teórica deste trabalho de dissertação, e das observações pontuadas e analisadas nas entrevistas com os docentes. Para além disso, levantamos reflexões sobre os usos do tempo livre do docente universitário, concluindo que este período temporal se transubstanciou em um palimpsesto do tempo de trabalho, o que indica que se tornou urgente reflexões e pesquisas sobre a dimensão temporal na universidade e políticas de resistência para a reformulação radical desse quadro.