Cochonilhas associadas à cana-de-açúcar no estado de São Paulo, com destaque para Saccharicoccus sacchari (Cockerell, 1895) (Hemiptera: Pseudococcidae): distribuição, sazonalidade e interação com o fungo Colletotrichum falcatum Went 1893 (Glomerellales: Glomerellaceae)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Monteiro, Gabriel Gonçalves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/181492
Resumo: As espécies de cochonilhas (Hemiptera: Coccomorpha) associadas a Saccharum spp. (Poaceae) nas diferentes regiões produtoras ao redor do mundo são distintas. Saccharicoccus sacchari (Cockerell, 1895) (Pseudococcidae) é uma espécie comum em praticamente todas as áreas, encontrada na maioria dos países onde a cana-de-açúcar é cultivada, sendo considerada uma praga importante no Havaí e na China. Para o estado de São Paulo, principal produtor brasileiro, que concentra as maiores áreas do cultivo, destacam-se Aclerda takahashii (Kuwana, 1932) (Aclerdidae) e S. sacchari. Entretanto, o pseudococcídeo tem sido relatado pelos produtores em altas infestações, juntamente com a ocorrência da doença da podridão vermelha em cana causada pelo fungo fitopatogênico Colletotrichum falcatum Went, 1893 (Glomerellales: Glomerellaceae). Este trabalho teve como objetivos: estudar a distribuição de A. takahashii e S. sacchari associadas à cana-de-açúcar no estado de São Paulo, além da sazonalidade das duas espécies de cochonilhas no município de Jaboticabal, SP; avaliar a hipótese de que a S. sacchari possa atuar como facilitadora da penetração do fitopatógeno C. falcatum, causador da doença da podridão vermelha, em cana-de-açúcar; e registrar a ocorrência de outras espécies associadas a Saccharum spp. O levantamento das cochonilhas foi realizado em áreas de plantio semi-mecanizado nos meses de junho, e entre agosto e dezembro de 2017, em localidades de 17 municípios; e a sazonalidade durante o período de um ano, entre agosto e dezembro de 2017, em dois pontos amostrais em Jaboticabal, SP. Constatou-se que A. takahashii e S. sacchari encontram-se amplamente distribuídas no estado de São Paulo. Entretanto S. sacchari foi a espécie mais frequente e abundante em todos os municípios amostrados. Em Jaboticabal, o pseudococcídeo apresentou o maior índice de infestação em agosto de 2017, enquanto o aclerdídeo em março de 2018. Entretanto, ambas não apresentaram similaridades nas sazonalidades. Para o estudo experimental, foi estabelecida uma criação de S. sacchari sob condições controladas, em laboratório. Em casa de vegetação, foi realizado o plantio de 320 gemas, 160 da CTC4 e 160 da RB86 7515, subdivididas em quatro tratamentos para cada variedade: (1) infestado com cochonilhas S. sacchari; (2) infectado com os esporos do fungo; (3) infestado com cochonilhas e infectado com esporos do fungo; e (4) Testemunha. Avaliou-se os sintomas da doença, a biometria, os Açúcares Totais Redutores (ATR), e o Açúcar Redutor (AR). Após a observação dos primeiros sintomas da doença, na fase de maturação, constatou-se maior incidência da doença nos tratamentos com a cochonilha e o fungo, de ambas variedades; presença de cochonilhas e da doença em tratamentos que não houve inoculação e/ou infecção; e diferença não significativa entre os tratamentos quanto aos dados biométricos e tecnológicos da planta. Plantas com a presença da cochonilha e do fungo apresentaram menores índices de açúcares; e a variedade CTC4 apresentou menores índices da doença. A cochonilha parece facilitar a penetração dos esporos do fungo da podridão vermelha, entretanto estudos futuros serão necessários para confirmar esta hipótese. Além disso, registra-se aqui a primeira ocorrência de Duplachionaspis divergens (Green, 1899) no Brasil e Hemiberlesia musae Takagi e Yamamoto, 1974 (Hemiptera: Diaspididae) em plantas hospedeiras de Saccharum spp. em casa de vegetação no Brasil.