O discurso e a prática dos professores universitários paranaenses sobre a disciplina de libras

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Andrade, Érica Alves Fernandes de [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/182127
Resumo: Esta dissertação circunscreve o ser surdo no campo dos estudos socioantropológicos, valorizando a Língua Brasileira de Sinais – Libras, como uma língua visuoespacial e de caráter constitutivo da diferença linguística, política e cultural dos que enunciam nesta língua. Tal compreensão vem sendo largamente ampliada a partir da Lei nº 10.436/2002 e regulamentada pelo Decreto n.º 5.626/2005, que reconhece a Libras como língua natural dos surdos e a inclui na oferta nos cursos de licenciaturas e de Fonoaudiologia. O estudo teve por objetivo investigar o que dizem os professores sobre a sua prática pedagógica na disciplina de Libras e como esses profissionais avaliam a contribuição desse componente na formação inicial de docentes, com vistas à valorização da educação bilíngue para surdos, no sistema educacional brasileiro. A pesquisa se insere na abordagem qualitativa, à luz de pressupostos bakhtinianos e orientações de pesquisadores que discutem a educação de surdos como campo específico de conhecimento, além da formação docente inicial e continuada para atuar com alunos surdos, numa perspectiva educacional bilíngue. Participaram da pesquisa doze professores responsáveis pela disciplina de Libras em cursos presenciais de Pedagogia, que atuam em universidades públicas, localizadas no estado do Paraná. A coleta de dados se efetivou por meio de levantamento e análise em duas etapas: Estudo I – da aplicação de um questionário com perguntas abertas aos sujeitos, via Google Forms. As informações foram sistematizadas qualitativamente, em processo analítico, em três eixos, a saber: A – Prática pedagógica no exercício do magistério; B – Como os professores avaliam a prática de docentes surdos e ouvintes; C – Contribuições da disciplina de Libras na formação do pedagogo; Estudo II – da análise dos planos de ensino das disciplinas ofertadas, que engloba o eixo D – Estrutura dos planos de ensino: análise documental e discursiva. Os resultados apontam que a disciplina de Libras vem sendo conduzida por formadores que se mostram sensibilizados pela causa surda, fundamentados empiricamente pela experiência, intuição e discernimento próprios. Não está claro para eles que o ensino de surdos deva partir de um campo específico de conhecimento, e deslocado do domínio da educação especial, a qual visa à reabilitação. O componente em pauta não tem se direcionado para uma proposta que contemple o bilinguismo, preconizado pelo Decreto n.º 5.626/2005, mas ao ensino da Libras no âmbito linguístico, distanciando-se das questões de ordem pedagógica, as quais sustentam uma proposta de educação bilíngue em segundo plano. Destarte, os fatos levam à necessidade do fortalecimento do conceito de educação bilíngue, assim como da reinterpretação da finalidade da disciplina de Libras e o seu replanejamento no ensino superior, de tal forma que a disciplina não se figure como um mero cumprimento legal, mas expressão de reivindicação social de uma minoria linguística.