O sistema de escrita na alfabetização inicial: saberes e práticas docentes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Lucca, Tatiana Andrade Fernandes de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/253144
Resumo: Esta tese tem como objetivo investigar quais são as práticas de ensino do sistema de escrita alfabética, no 1º ano do Ensino Fundamental, de modo a compreender se a complexidade do sistema é considerada. Parte-se do pressuposto que o sistema de escrita consiste em um instrumento complexo, que exige um ensino sistematizado, intencional e explícito por parte do professor. Desse modo, evidencia-se a relevância em apreender de que forma esse conteúdo é abordado logo no início da alfabetização. Como objetivos específicos, elencou-se: a) analisar, em documentos oficiais, o que está previsto para o trabalho com o sistema de escrita alfabética no 1º ano, b) conhecer quais são os saberes que os professores possuem sobre o processo de alfabetização e como eles se articulam nas práticas, c) analisar como o sistema de escrita alfabética é inserido na organização trabalho docente, d) analisar, nas práticas docentes, quais elementos e tarefas são adotados no trabalho com o SEA. Assim, discorre-se no que consiste o sistema de escrita alfabética, suas especificidades e características, que o diferenciam de outros sistemas de escrita. Ademais, discute-se o aprendiz diante desse sistema, a partir dos referenciais da psicogênese. Documentos oficiais prescritivos destinados aos professores alfabetizadores são também examinados, de modo a investigar a abordagem de tal conteúdo nesses materiais. Destarte, considerando as publicações mais recentes, são analisadas a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a Política Nacional de Alfabetização (PNA), nas quais se observam divergências quanto à compreensão do sistema de escrita, bem como nas metas que são estipuladas para o processo de alfabetização, especialmente no que diz respeito à perspectiva metodológica. Outrossim, foi realizado um levantamento bibliográfico de pesquisas que investigaram as práticas docentes em alfabetização, por meio do qual permitiu-se estabelecer um panorama sobre a abordagem do ensino da escrita nesse período. Ademais, os resultados indicam a associação de tais práticas às concepções de alfabetização e aprendizagem dos professores, bem como assinalam as inadequações pedagógicas e a ausência do estabelecimento da progressão dos conteúdos. A pesquisa de campo foi realizada com três professoras alfabetizadoras que lecionam em escolas públicas municipais em uma rede de ensino de um município do interior paulista. Essas professoras possuem tempos distintos de carreira no magistério, bem como em experiência em alfabetização. Como instrumentos, foram utilizadas: a entrevista semiestruturada, com o objetivo de conhecer o percurso profissional dessas alfabetizadoras; os conhecimentos que têm sobre o processo de alfabetização e os embasamentos que buscam para suas práticas; também apoiou-se na observação participante, de 18 dias completos em cada uma das três turmas, de modo a acompanhar as atividades propostas para o ensino do sistema de escrita no período e as ações das professoras. Além disso, também foi prevista a análise dos planejamentos docentes, com o objetivo de compreender quais elementos são considerados na organização semanal das docentes. Os resultados obtidos revelam aspectos sobre o ensino que corroboram os achados de pesquisas do campo. No entanto, as entrevistas realizadas evidenciaram que as professoras possuem saberes sobre o processo de alfabetização de diferentes enfoques. Elas assinalam a limitada abordagem desse conteúdo nos processos de formação inicial e parecem valorizar e validar os saberes tácitos das colegas mais experientes. As observações, por sua vez, demonstraram a pouca diversificação dos recursos para o ensino do sistema de escrita, centrado em folhas estruturadas. Ademais, verificou-se que as professoras possuem uma organização e sistematização na abordagem de tal aprendizagem, que consiste na apresentação das letras e posterior construção das famílias silábicas, sendo que as atividades de escrita por elas propostas baseiam-se na observação dessa estrutura linguística, de modo a auxiliar o aluno na compreensão do funcionamento do sistema de escrita.