Abordagem multi-indicadores do sistema misto carbonático-siliciclástico da Formação Crato: evolução sedimentar, paleogeografia e tectônica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Varejão, Filipe Giovanini [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/183262
Resumo: A megassequência evaporítica transicional de idade aptiana constitui importante registro da abertura da margem equatorial brasileira, das primeiras conexões entre as águas dos oceanos Atlântico Sul e Central, e de depósitos das bacias interiores do Nordeste do Brasil. Nesse contexto, destaca-se a Formação Crato da Bacia do Araripe, composta por sucessão mista carbonática-siliciclástica com espessuras de até 90 m. A Formação Crato é mundialmente reconhecida pela excepcional preservação de fósseis continentais que conferem a unidade o status de Konservat-Lagerstätte. A unidade faz parte de sequência deposicional constituída pela porção superior da Formação Barbalha (predominantemente fluvial) e pela Formação Ipubi (depositada em condições evaporíticas), e é considerada como depositada em um sistema lacustre, associado à deposição deltaica nas porções proximais e carbonática nas porções bacinais. No entanto, tais interpretações vêm sendo questionadas devido a recentes descobertas de atividade microbiana nos calcários laminados da unidade. Face ao panorama exposto, este trabalho buscou aplicar abordagem calcada na análise multi-indicadores (sedimentologia, tafonomia, icnologia, estratigrafia de sequências, química orgânica, isótopos estáveis de oxigênio e carbono e análises de estrutura de deformação sin-sedimentar) dos depósitos da Formação Crato. A utilização de múltiplas técnicas de investigativas foi necessária afim de amparar a interpretação dos ambientes deposicionais, além de determinar o posicionamento estratigráfico e auxiliar na definição dos mecanismos de preservação de um dos mais importantes Konservat-Lagerstätte do Cretáceo mundial. Os dados apresentados nesta tese apontam para sedimentação em ambiente marinho transicional durante partes da Formação Crato. Ao menos dois ciclos transgressivos pontuados por breves incursões marinhas foram reconhecidos com base em sua associação de facies e ocorrências de dinocistos e icnofósseis tipicamente marinhos. As fases regressivas se diferenciam pela ocorrência de calcários laminados com assinaturas isotópicas tipicamente continentais. No topo da primeira fase regressiva ocorre sucessão de laminitos microbiais, estromatólitos, oncóides e trombólitos, atestando deposição dos laminitos do intervalo do Konservat- Lagerstätte em águas rasas. Esteiras microbianas são observadas recobrindo e fornecendo condições ideais de fossilização. Tais evidencias e interpretações divergem das antigas hipóteses para a deposição da Formação Crato e representam inovações significativas na compreensão da evolução dos depósitos mistos da unidade.