Estratigrafia do Andar Alagoas na sub-bacia do Tucano Norte, Bahia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Varejão, Filipe Giovanini [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/139447
Resumo: As bacias cretáceas do Nordeste do Brasil, como as do Tucano, Araripe e Grajaú, tiveram sua gênese associada ao processo de abertura do oceano Atlântico Sul. Os depósitos aptianos das bacias do Araripe e Grajaú são comumente correlacionados aos depósitos que originaram as grandes acumulações de hidrocarbonetos do pré-sal. Na Bacia do Tucano essa sucessão também se encontra preservada e constitui importante registro desta fase da evolução da margem atlântica sul-americana. A Serra do Tonã é uma feição geomorfológica em forma de mesa que se destaca do relevo dissecado com mergulho suave característico da bacia. Esta conformação se deve à existência de duas camadas carbonáticas posicionadas na base e no topo da mesa que são responsáveis por sustentar o relevo. Os dois intervalos carbonáticos, de caráter único na bacia, são separados por sucessões siliciclásticas que compõem a Formação Marizal e apesar de constituir registro ímpar de sedimentação mista siliciclástico-carbonática, não foram devidamente estudados quanto a seus aspectos sedimentológicos e estratigráficos. A análise pormenorizada da sucessão mista da Serra do Tonã permitiu a identificação de duas sequências deposicionais com padrão de afinamento textural em direção ao topo e limitadas por discordâncias regionais. A Sequência Deposicional 1 (SD1) assenta-se em discordância sobre os sedimentos da fase rifte e é marcada por arenitos e conglomerados aluviais da porção inferior da Formação Marizal, com indicadores de paleofluxo com rumo sul/sudeste. A SD1 apresenta padrão de afinamento textural para o topo. Arenitos intercalam-se com lamitos e siltitos até o contato desses com carbonatos microbiais, bioclásticos e mudstones. Estes depósitos são interpretados como associados a ambiente lacustre raso de elevada salinidade. Sobrepostos aos carbonatos encontra-se espessa camada de folhelhos lacustres, que em sua porção superior apresenta evidências de exposição subaérea, com desenvolvimento de feições típicas de paleossolos formados em zonas vadosas. Uma importante desconformidade define o limite entre as duas sequências, sendo que a Sequência Deposicional 2 (SD2) inicia com arenitos conglomeráticos fluviais sobrepostos aos paleossolos, apresentando indicadores de paleofluxo para sul. A sucessão apresenta padrão textural de afinamento granulométrico em direção ao topo, com arenitos sobrepostos por lamitos intercalados a arenitos, em ciclos de afinamento textural marcados pelo aumento da razão areia/argila. Estes sedimentos são interpretados como oriundos de deposição em barras de desembocadura e de baías interdistributário. Carbonatos e folhelhos perfazem fácies de águas relativamente mais profundas e são sucedidos por delgadas intercalações de microbialitos e mudstones, associados a águas mais rasas. Análise taxonômica de ostracodes e estudos isotópicos dos carbonatos da SD2 têm sido usados na correlação com a Formação Crato da Bacia do Araripe. As sequências aptianas da Serra do Tonã apresentam características litológicas, paleofluxo fluvial e sucessão estratigráfica muito semelhante às sequências reconhecidas na porção inferior do registro aptiano da Bacia do Araripe. Tal correlação entre ambas as bacias permite a interpretação de uma paleodrenagem continental fluindo para sul/sudeste associada ao desenvolvimento de corpos lacustres de salinidade elevada.