Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Amaral, Henrique Uva do [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/157375
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Resumo: |
A transicionalidade talvez seja um dos temas mais amplos e complexos dentro da teoria de Donald Winnicott. Inicialmente, essa questão é abordada quando o autor descreve sobre a passagem percorrida pelo bebê entre o mundo subjetivo – isto é, puramente criado – e a realidade externa. Antes que o bebê possa encontrar o mundo externo, a fim de continuar a ser criativo e se sentir real, surgem os objetos e fenômenos transicionais, estes que ocupam uma área intermediária da experiência, onde as divisões entre sujeito e objeto, mundo interno e realidade externa, criatividade e princípio de realidade, não seriam questionadas. De acordo com Winnicott, essa área intermediária, denominada espaço potencial, continuará a existir por toda a vida do indivíduo, sendo a partir dela que surgiria o campo das artes, da religião, da filosofia, da ciência, do brincar e da experiência cultural. Além disso, seria apenas no espaço potencial onde poderia ocorrer uma verdadeira comunicação entre indivíduo e o outro. Neste sentido, poderíamos nos perguntar: como saber quando o sujeito está experienciando uma situação transicionalmente, isto é, por meio do espaço potencial? Seria possível pensar neste espaço concretamente, a partir do corpo, sem que, ao mesmo tempo, tratemo-lo de uma forma subjetivista ou puramente objetiva? Qual é a relação e o papel do corpo do outro (por exemplo, o analista) na facilitação dessa experiência? A fim de responder e problematizar estes questionamentos, propomos um diálogo entre Winnicott e a fenomenologia de Merleau-Ponty, tendo em vista que muitos comentadores sugerem que existe uma forte aproximação entre o conceito de espaço potencial e a noção de percepção, entendida por Merleau-Ponty. Nos trabalhos do filósofo, vemos um grande interesse pela relação entre corpo, percepção e intersubjetividade, além de sua afinidade com a psicanálise, como pelo problema do inconsciente, do recalque, da afetividade, da sexualidade e dos relacionamentos iniciais da criança com o outro. Um exame minucioso sobre o tema da percepção permitiu a Merleau-Ponty afirmar que a experiência no mundo ocorre a partir do corpo, e não por meio da reflexão. Além disso, a experiência nunca seria puramente subjetiva e fechada no indivíduo, mas ocorreria no encontro entre subjetivo e objetivo e a partir do relacionamento com outrem. Portanto, ao aproximarmos Winnicott e Merleau-Ponty, temos como objetivo de pesquisa o aprofundamento da relação entre corpo e espaço potencial. Ao longo da dissertação, observamos que os autores possuem diversas afinidades teóricas, como quando esclarecem que, na saúde, não há uma divisão rígida entre subjetivo e objetivo, entre experiência corporal e vida psíquica e entre a experiência no mundo e a descoberta de si mesmo. Por outro lado, consideramos que existem diferenças importantes entre a noção de percepção, em Merleau-Ponty, e o conceito de espaço potencial, de modo que eles não podem ser tratados como sinônimos ou equivalentes, especialmente, ao examinarmos e compararmos mais detalhadamente as concepções de experiência, criatividade, espontaneidade e afetividade. Nesse sentido, defendemos que a experiência corpórea se expressa no espaço potencial através de um estado de relaxamento, que ocorre no encontro entre o convite de um mundo de confiança e o gesto espontâneo do indivíduo. |